Confira artigo de Bruno Trindade, Diretor Executivo da Healthcare Alliance
Segundo o Instituto Brasileiro das Organizações Sociais de Saúde (IBROSS), menos de 6% dos hospitais brasileiros possuem algum tipo de acreditação, dentro de um universo de mais de 8 mil estabelecimentos. É um número preocupante se formos pensar que as acreditações são um bom termômetro sobre a digitalização e a qualidade da assistência ao paciente no Brasil.
Ainda mais: tal dado demonstra que ainda é necessário percorrer um longo caminho para a plena transformação digital no País.
É dentro deste cenário que as ações para o cumprimento de requisitos sobre a digitalização e excelência em saúde têm sido cada vez mais intensas. Qualificações como HIMSS, ONA, Accreditation Canada, Joint Commission International têm sido cada vez mais buscadas por quem está na gestão hospitalar, e é neste caminho que precisamos analisar as estratégias para alcançar a “prateleira de cima” na maturidade digital.
Temos, inclusive, uma adição recente às certificações através do Índice Nacional de Maturidade Tecnológica, certificação gratuita promovido pela ABCIS, e que busca ajudar os hospitais na jornada de amadurecimento digital. Projetos de cunho nacional como esse, inclusive, são essenciais para a adequação à realidade brasileira e o olhar sobre a transformação digital para instituições de qualquer porte.
É claro que a dualidade entre a transformação digital e o poder financeiro da instituição por vezes pode ser um problema. Mas é fundamental olhar a situação como investimento, e não gasto.
84% dos executivos brasileiros da Saúde indicam a automação de processos e sistemas como principal ponto de investimento para os próximos anos, segundo a 26ª Global CEO Survey da PwC.
É preciso contemplar algumas áreas como a digitalização dos processos, a interoperabilidade entre os sistemas e a infraestrutura disponível para a recepção das tecnologias de maneira adequada.
Por outro lado, a valorização dos profissionais é também fundamental, afinal não adianta adquirir a tecnologia e não capacitar quem irá utilizá-la no dia a dia. De acordo com a pesquisa TIC Saúde 2022, apenas 30% dos médicos no Brasil passaram por algum curso ou treinamento em informática em saúde nos últimos 12 meses.
Esse, inclusive, é um ponto que dialoga com cada uma das etapas de acreditação, pois cada estágio necessita do uso correto e do apoio do médico, enfermeiro ou qualquer outro profissional da instituição que utilize as ferramentas.
Seja nas ferramentas ou na mão de obra, mesmo que ainda não exista uma “receita de bolo” para estar entre as referências na assistência médica no País, existem alguns “checkpoints” que, se bem executados, podem trazer efeitos práticos para a assistência médica.