Gustavo Ferraz, especialista em investimentos na WIT – Wealth, Investments & Trust, apresenta panorama da bolsa brasileira
O mercado de ações encerrou o mês de setembro com uma leve retração no principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa. Segundo Gustavo Ferraz, especialista em investimentos na WIT – Wealth, Investments & Trust, o índice registrou uma queda de 1,62% no mês, reflexo de um cenário marcado pelo aumento dos juros no Brasil e incertezas fiscais. “A alta dos juros domésticos foi um dos principais fatores que impactaram negativamente o mercado, criando uma cautela maior entre os investidores”, explicou Ferraz.
Setores em destaque
Apesar da queda geral, setores como mineração e energia se destacaram positivamente, beneficiados pela elevação dos juros e pela possível inflação futura. “Empresas desses segmentos têm uma característica de resistência em momentos de pressão inflacionária, o que impulsionou o desempenho”, comentou o especialista. As ações da CSN Mineração (CMIN3) lideraram os ganhos do mês, com uma alta de 24%, seguidas por CSN (CSNA3), que subiu 12%, e Vale (VALE3), com 9% de valorização. “Essas empresas se beneficiaram fortemente com o corte de juros na China, que deu fôlego ao mercado internacional”, destacou.
Por outro lado, algumas empresas enfrentaram desafios, com destaque para a queda de 20% nas ações do Magazine Luiza (MGLU3), fortemente impactadas pela alta dos juros no Brasil. “Além disso, ações como Minerva (BEEF3) e PetroRecôncavo (RECV3) também registraram quedas expressivas, de 16% e 13%, respectivamente, afetadas pelo ambiente macroeconômico desfavorável”, detalhou Ferraz.
Fatores político-econômicos influentes
Entre os principais fatores que influenciaram o comportamento do mercado, Gustavo Ferraz ressaltou a política monetária dos Estados Unidos e da China. “O corte de juros nos EUA e na China foi decisivo para aquecer o mercado de maior risco, ao mesmo tempo em que diminuiu as preocupações sobre uma possível recessão global”, analisou. Ele também mencionou que a menor preocupação com a recessão trouxe otimismo aos investidores, incentivando mais apetite por risco no mercado.
Perspectivas para outubro
Em relação às expectativas para outubro, Ferraz se mostrou otimista: “Acredito que o cenário de ‘caos’ vinculado à recessão americana está cada vez mais distante. Isso deve proporcionar mais confiança aos investidores, e historicamente, outubro é um mês positivo para o mercado acionário”. O especialista também apontou que setores como o bancário e o de energia tendem a ser promissores, em função da queda dos juros nos EUA e do controle fiscal no Brasil. “Esses setores podem atrair uma forte entrada de recursos estrangeiros, o que beneficiaria a bolsa brasileira”, afirmou.
No entanto, Ferraz alerta que a escolha de ativos deve ser feita com cautela. “Apesar de haver muitas oportunidades, as incertezas fiscais e inflacionárias exigem atenção redobrada”, aconselhou.
Estratégias de sucesso
Durante o mês de setembro, as estratégias focadas em empresas que pagam bons dividendos se mostraram bem-sucedidas. Segundo Ferraz, investidores com carteiras voltadas ao índice de dividendos (IDIV) obtiveram resultados mais positivos, comparados ao Ibovespa. “Empresas sólidas e conservadoras como Itaú, Vale, Petrobras, Tim, Sabesp e Copasa são opções que trazem segurança em momentos de incerteza”, disse. “Para os investidores que preferem evitar o risco, essa pode ser a melhor alternativa”.
Desafios à frente
Para o mês de outubro, Ferraz prevê desafios relacionados à confiança no governo em termos de gestão fiscal e controle da inflação. “O maior desafio está na capacidade do governo de manter um controle fiscal sólido, que inspire confiança tanto nos investidores nacionais quanto nos estrangeiros”, mencionou. “Se o Brasil conseguir mostrar que está no caminho certo em relação às questões fiscais, o mercado pode experimentar uma forte recuperação”.
O especialista concluiu destacando que, apesar dos desafios, há muitas oportunidades no mercado de ações. “Existem ótimas empresas com valores bastante descontados, e para quem está disposto a assumir riscos moderados, esse pode ser um excelente momento de entrada no mercado”, finalizou.
*Com informações de Agência Era.