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Métricas ESG influenciam remuneração de executivos de 8 em cada 10 dos maiores bancos globais

Agnes Blanco Querido, diretora-geral da operação da Morrow Sodali no Brasil / Foto: Divulgação
Agnes Blanco Querido, diretora-geral da operação da Morrow Sodali no Brasil / Foto: Divulgação

Pesquisa conduzida pela consultoria de governança, com base em informações públicas das 30 maiores instituições dos EUA e da Europa, também mostra que os europeus são mais propensos a considerar metas de sustentabilidade na remuneração variável dos administradores

A sustentabilidade deixou de ser apenas um discurso e passou a influenciar diretamente a remuneração dos administradores dos maiores bancos globais. Um estudo da Morrow Sodali, consultoria global de serviços estratégicos e governança corporativa, revela que de 8 em cada 10 das maiores instituições financeiras da Europa e dos Estados Unidos já adotam metas e métricas ESG (ambientais, sociais e de governança) nas suas estratégias de incentivo e remuneração da alta liderança. O estudo, denominado “Governance of Sustainability in the Largest Global Banks”, é baseado nas informações públicas, divulgadas até o final de agosto de 2022 pelos 30 maiores bancos mundiais, e analisou organizações como o espanhol Santander, o alemão Deutsche Bank, o francês BNP Paribas, os ingleses Lloyds Banking e Barclays, além dos americanos JP Morgan, Morgan Stanley, Citi e Goldman Sachs. Ainda que a pesquisa tenha ficado restrita aos pares europeus e americanos, a Morrow Sodali avalia que a tendência é que as práticas dessas instituições deverão influenciar e impactar mercados importantes, como o Brasil.

Segundo o estudo, os fatores materiais incorporados às metas de remuneração dos executivos estão relacionados, principalmente, às questões ambientais e sociais — com destaque para mudanças climáticas e incentivos à ampliação da diversidade, sobretudo a de gênero, na composição dos conselhos de administração e da alta liderança executiva. Os europeus estão à frente na inclusão da sustentabilidade como parte da remuneração variável – 95% dos bancos adotam essa prática. Nos EUA, a adesão atinge 60% das instituições pesquisadas.

“As métricas de sustentabilidade para planos de remuneração de alguns bancos europeus estendem-se aos executivos de cargos gerenciais como estratégia para incorporar a sustentabilidade na cultura das organizações desde os níveis hierárquicos mais altos”, avalia Agnes Blanco Querido, diretora-geral da operação da Morrow Sodali no Brasil. “Trata-se de uma tendência que deve ter efeitos em bancos com operação no mercado brasileiro”, diz.

O estudo ainda constatou que 80% das instituições que divulgaram o desempenho relacionado à sustentabilidade incluem as métricas nos Planos de Incentivo de Curto Prazo (STIPs, em inglês). Outros 13% inserem as métricas nos Planos de Incentivo de Longo Prazo (SLTIP, em inglês), enquanto 7% deles as distribuem entre os dois planos de incentivo.

Nos EUA, 100% das métricas são incluídas nos planos de curto prazo. Já entre os europeus, os bancos preferem distribuir 75% das métricas nos planos de longo prazo e 25% entre curto e longo prazos. “Uma justificava para a prevalência de métricas no curto prazo é o fato de que os objetivos sociais podem ser medidos em ciclos anuais”.

Fatores materiais da sustentabilidade

Além de influenciar a remuneração dos executivos, as práticas ESG também são consideradas relevantes para os negócios dos bancos. Recentemente, após um longo e participativo esforço, o International Sustainability Standards Board (ISSB), criado pela IFRS Foundation, anunciou um conjunto de normas que devem orientar os reguladores locais na divulgação de informações sobre o impacto das atividades das empresas e bancos em questões ambientais, sociais e de governança. No Brasil, autarquias como o Banco Central e a Comissão de Valores Mobiliários devem seguir essas diretrizes. Pelas regras do ISSB, informações que têm impacto material – como a remuneração dos executivos atrelada a metas climáticas – são relevantes para os negócios, portanto, devem ser divulgadas com cada vez mais transparência.

Para identificar os fatores materiais da sustentabilidade, a Morrow Sodali usou o conceito de dupla materialidade, que leva em conta tanto o impacto do conjunto de práticas ESG no desempenho financeiro, quanto o efeito dos bancos nas questões de sustentabilidade. A consultoria definiu quatro principais categorias que compõem essa dupla materialidade: mudanças climáticas; empréstimo e investimento responsáveis; proteção e experiência do cliente e diversidade e inclusão.

O estudo revelou que 93% dos bancos pesquisados consideram a mudança climática um dos principais fatores materiais – muitos já firmaram compromissos públicos, alinharam-se a iniciativas e adotam metas de redução de emissão de gases de efeito estufa e financiamento de projetos voltados à transição para uma matriz energética de baixo carbono. Outros temas materiais mais presentes foram Investimento/empréstimo sustentável (68%), proteção/experiência do cliente e diversidade e inclusão (64%).

Para Blanco, o estudo da Morrow Sodali demonstra que as instituições globais estão mais atentas aos riscos e oportunidades da agenda ESG como estratégia para preservação e geração de valor no longo prazo. Um passo importante nesse contexto, diz a executiva, é o movimento de consolidação de um padrão global para os balanços de sustentabilidade, como o anunciado pelo ISSB, que deve ajudar a trazer objetividade e padronização para os relatórios – tornando comparáveis e mais transparentes as classificações e avaliações de fatores de sustentabilidade. “Desta forma, os bancos devem ser mais eficientes na incorporação dos aspectos ESG nos processos de alocação de recursos, investimentos e concessões de crédito, que, por sua vez, exigirão dos bancos maior integração dos temas socioambientais à estratégia dos negócios e avanço na sofisticação das práticas de governança”, conclui a diretora-geral da Morrow Sodali no Brasil.

Para saber mais sobre o relatório acesse este endereço.

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