Níveis de inclusão financeira na América Latina melhoram pelo quarto ano consecutivo

Marcela Rocha, economista chefe / Foto: Divulgação

Desde 2022, a pontuação geral de inclusão financeira da América Latina melhorou de forma modesta, impulsionada principalmente por investimentos em infraestrutura financeira digital

A inclusão financeira na América Latina continua melhorando, mas sinais de desaceleração estão surgindo, de acordo com o Global Financial Inclusion Index 2025 da Principal Financial Group® e do Centre for Economics and Business Research (Cebr).

Globalmente, a inclusão financeira se estabilizou após dois anos de ganhos significativos. Em sua quarta edição, o índice examina como governos, sistemas financeiros e empregadores promovem níveis mais altos de inclusão financeira em 42 mercados. O relatório oferece uma avaliação abrangente e comparativa da inclusão financeira em escala global, classificando os mercados tanto de forma relativa quanto absoluta.

A pontuação geral da América Latina subiu para 44,7, marcando o quarto ano consecutivo de crescimento, embora o aumento tenha sido modesto, apenas 0,1 ponto, em comparação com o crescimento mais forte dos anos anteriores.

O apoio dos empregadores à inclusão financeira caiu na maioria das economias da região, refletindo o padrão global de incerteza empresarial causada por mudanças geopolíticas e comerciais. Enquanto as pontuações de apoio do sistema financeiro e dos empregadores diminuíram, a pontuação de apoio governamental subiu 0,9 ponto, impulsionada por medidas como reformas previdenciárias na Argentina e iniciativas de proteção ao consumidor no Chile e no Peru.

Destaques regionais

  • Brasil se destacou como líder regional em infraestrutura financeira digital com o Pix, com aumento de 19,3 pontos desde 2022.
  • México permanece entre os dez últimos colocados.
  • Chile apresentou ganhos modestos apoiados por reformas e políticas de proteção ao consumidor.

Apesar das melhorias, a percepção dos consumidores sobre a inclusão financeira caiu nos seis mercados latino-americanos analisados – Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México e Peru -, com uma queda média de 8,8 pontos. Ainda assim, há sinais de progresso, já que a maioria dos mercados relatou uma melhora na percepção sobre o apoio dos governos e dos sistemas financeiros à inclusão, sugerindo que reformas institucionais estão começando a surtir efeito, mesmo que a confiança dos consumidores ainda não reflita isso completamente.

Marcela Rocha, economista-chefe da Principal Asset ManagementSM América Latina, comentou: “Estamos vendo um verdadeiro impulso na história da inclusão financeira da América Latina, especialmente em mercados que estão adotando a inovação em fintechs. A rápida expansão do Pix no Brasil revolucionou o acesso a serviços financeiros, enquanto as reformas digitais nas aposentadorias da Argentina estão ajudando a modernizar sua infraestrutura financeira. Esses avanços não estão acontecendo de forma isolada. Governos de toda a região estão implementando políticas de proteção ao consumidor e marcos regulatórios que apoiam a inovação e a inclusão. Juntos, tecnologia e políticas públicas estão ajudando a criar condições para um acesso financeiro mais equitativo”.

Rocha, prosseguiu: “Apesar de reformas políticas significativas, a região continua enfrentando retrocessos – particularmente no apoio por parte dos empregadores. Essa tendência provavelmente reflete as condições econômicas mais difíceis que muitos países latino-americanos estão enfrentando. Mas, até que os empregadores desempenhem um papel mais ativo, não veremos mudanças significativas na inclusão como um todo. O apoio liderado pelos empregadores é essencial para que as pessoas vivenciem a inclusão financeira no seu dia a dia”.

Por fim, o economista-chefe encerrou: “Olhando para o futuro, para acelerar a inclusão financeira, os mercados da América Latina precisam enfrentar tanto as fragilidades sistêmicas quanto as lacunas de confiança dos consumidores. A região tem oportunidades claras de avançar, se conseguir escalar modelos já comprovados e investir em reformas estruturais fundamentais”.

Principais conclusões do Índice Global de Inclusão Financeira:

  • A pontuação geral de inclusão financeira global é de 49,4 em 100 – uma queda marginal de 0,2 ponto em comparação com 2024.
  • No entanto, esse valor é significativamente maior do que os 41,7 registrados no lançamento do Índice em 2022. Em 2025, 20 mercados apresentaram melhorias anuais em suas pontuações de inclusão financeira, enquanto 19 dos 42 mercados analisados apresentaram queda.
  • O apoio dos empregadores diminuiu globalmente, com a pontuação mundial caindo 0,6 ponto.
  • 35 dos 42 mercados (83%) registraram queda em suas pontuações de apoio dos empregadores – indicando fortemente que o impacto dos riscos geopolíticos e comerciais sobre a confiança empresarial levou as empresas a adotarem abordagens mais conservadoras em relação a benefícios e iniciativas de flexibilidade para os funcionários.
  • À medida que os empregadores recuaram, governos e sistemas financeiros intensificaram seus esforços para ampliar o acesso e o entendimento sobre produtos e serviços financeiros.
  • Globalmente, a pontuação de apoio governamental aumentou 0,6 ponto, com crescimento em todas as principais regiões. Nas regiões mais ricas – América do Norte, Europa e Oriente Médio -, a pontuação do sistema financeiro também aumentou. Trinta e cinco mercados apresentaram melhorias ano a ano nas pontuações de apoio governamental ou do sistema financeiro (ou ambos).
  • Modelagens detalhadas mostram que níveis mais altos de alfabetização financeira resultam em melhor gestão da dívida familiar e menores custos de empréstimo.
  • Uma melhoria de 1 ponto percentual na alfabetização financeira está associada a uma redução de 2,8 pontos percentuais na inadimplência de empréstimos familiares e uma redução de 6,7 pontos percentuais na relação dívida/renda das famílias. Isso traz um benefício claro para o PIB no longo prazo.

Índice Global de Inclusão Financeira

O Índice Global de Inclusão Financeira classifica 42 mercados com base em três pilares de inclusão financeira – governo, sistema financeiro e apoio do empregador – utilizando dados públicos e de pesquisas. Esses pilares representam os principais agentes responsáveis por promover a inclusão financeira na população.

O índice explora os desafios e oportunidades relacionados ao aumento do acesso a produtos e serviços financeiros úteis e acessíveis que atendam às necessidades das pessoas, incluindo transações, pagamentos, poupança, crédito e seguros.

O índice foi realizado em parceria com o Centre for Economics and Business Research (Cebr). A metodologia combina diversas fontes de dados em uma medida unificada de inclusão financeira em nível de mercado.

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