Monitoramento diário de ocorrências de incêndios no País, realizado pelo Instituto Sprinkler Brasil, contabiliza 107 reportagens
As notícias de incêndios estruturais nas indústrias apresentaram alta no primeiro semestre. É o que revela levantamento do Instituto Sprinkler Brasil, organização sem fins lucrativos que tem como missão difundir o uso de sprinklers nos sistemas de prevenção e combate a incêndios em instalações industriais e comerciais no País. Por meio do monitoramento diário de notícias de incêndios no Brasil, o Instituto conseguiu capturar 107 ocorrências de incêndios estruturais nas indústrias nos seis primeiros meses deste ano ante o mesmo período anterior, representando alta de 34%, quando foram registradas 80 notícias.
Os números também apresentaram uma ligeira queda em relação a 2023 (111 ocorrências) e 2022 (110 reportagens). “O aumento de incêndios industriais representa uma ameaça significativa à segurança dos trabalhadores e ao meio ambiente. Muitas fábricas operam com materiais inflamáveis, manutenção inadequada, falta de treinamento e de sistemas de prevenção, contribuindo para o aumento das ocorrências. Esses incêndios causam prejuízos milionários, reflexo, muitas vezes, de uma postura negligente por parte dos responsáveis, que enxergam a proteção contra incêndio apenas como uma exigência legal, e não como uma real prioridade de segurança”, relata Marcelo Lima, consultor do ISB.
As ocorrências contabilizadas são chamadas de “incêndios estruturais”, ou seja, aquelas que poderiam ter sido contornadas com a instalação de sprinklers e ocorreram em depósitos, hospitais, hotéis, escolas, prédios públicos, museus, entre outros. O ISB não inclui nas estatísticas os incêndios residenciais, que apesar de também serem incêndios estruturais, não são objeto de acompanhamento porque a legislação de segurança contra incêndio não se aplica a residências unifamiliares, onde acontece o maior número de ocorrências.
A legislação de prevenção e combate a incêndios é estadual e está atualizada. A de São Paulo é uma das mais avançadas do País e serve de modelo para grande parte do Brasil. “A questão está em aplicá-la corretamente”, explica Marcelo Lima.
“A legislação exige a instalação de sistemas de proteção contra incêndios, mas não determina critérios claros sobre a qualidade ou confiabilidade dos equipamentos utilizados. Com exceção dos extintores, não há exigência de certificação, o que permite a presença de sistemas que, embora estejam dentro da legalidade, podem não funcionar adequadamente em uma emergência. O risco é que essa falha só seja percebida no pior momento, durante um incêndio real”, explica Lima. “A falta de estatísticas oficiais de incêndios no Brasil ainda é um dos principais desafios do setor. O ISB defende que os Corpos de Bombeiros Militares de todo o país deveriam divulgar dados de ocorrências de incêndios, para que possamos entender a real situação dos casos e propor mudanças”, conclui.