Demanda das PMEs por benefícios inovadores, como plano de medicamentos, mais que dobra em um ano e avança em setores como serviços, indústria e tecnologia, aponta Vidalink
O bem-estar dos colaboradores vem ganhando espaço na agenda das pequenas e médias empresas brasileiras. Com a alta rotatividade em setores como serviços, tecnologia e varejo, e diante do desafio de competir por talentos com grandes companhias, cresce entre as PMEs a adoção de pacotes de benefícios mais enxutos, mas de impacto direto no bem-estar dos trabalhadores.
A Vidalink, maior empresa de planos de bem-estar corporativo do Brasil, registrou um aumento expressivo nas solicitações de cotações por parte das PMEs neste ano. Na comparação entre o 1º semestre de 2024 e o 1º semestre de 2025, o número de empresas interessadas em adquirir os benefícios da companhia mais que dobrou, com crescimento de 151%. Entre o 1º e o 2º semestre de 2024, o avanço foi de 33,8% nos leads, enquanto do 2º semestre de 2024 para o 1º semestre de 2025 o salto chegou a 87,5%.
Do total de solicitações, cerca de 30% vieram de empresas de serviços, como agências de comunicação, escritórios de contabilidades, consultorias e prestadoras de serviços terceirizados, 20% de pequenas indústrias, seguidas por empresas de tecnologia (18%), além de setores como saúde, logística e varejo.
Esse movimento acompanha o crescimento das PMEs na economia. Dados do Sebrae, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), apontam que essas empresas foram responsáveis por 60% das admissões com carteira assinada nos primeiros quatro meses de 2025.
“Esse protagonismo na economia brasileira reforça a necessidade de estratégias de retenção e valorização de talentos. Benefícios, mesmo que em formatos mais acessíveis, estão se consolidando como diferencial competitivo também entre as pequenas empresas”, avalia Luis Gonzalez, CEO e cofundador da Vidalink.
Tradicionalmente voltada a grandes companhias como Apple, iFood, Johnson & Johnson, Pirelli, Ipiranga, Tim, Vivo e Warner Bros, a Vidalink passou a estruturar, ainda este ano, uma oferta específica para PMEs, após registrar crescimento espontâneo na demanda desse público.
Planos mais enxutos, mas com efeito direto
O CEO da Vidalink conta que o plano de medicamentos se tornou o principal ponto de partida para pacotes mais enxutos, com foco no atendimento de empresas com até 100 colaboradores que não oferecem plano de saúde.
“A compra de medicamentos é parte essencial de qualquer tratamento. Quando o fator financeiro impede a continuidade, o quadro clínico pode se agravar. É nesse momento que a empresa, mesmo sem plano de saúde, pode oferecer apoio ao tratamento medicamentoso”, afirma Gonzalez.
Pilotagem com PMEs expõe novo perfil de liderança
No projeto-piloto com PMEs, a Vidalink identificou um perfil de liderança mais flexível e com foco em soluções de impacto imediato. A implementação dos planos foi considerada mais rápida do que em grandes empresas, com comunicação direta e envolvimento dos gestores no processo.
Outro aprendizado foi a importância do atendimento consultivo mesmo em modelos digitais. “Embora a contratação seja online, o contato humano ainda é essencial para esse público, que quer entender como o benefício funciona e quais impactos pode gerar”, diz o CEO.
Tendência acompanhada por mudanças no perfil dos trabalhadores
A crescente valorização de benefícios inovadores entre trabalhadores de todos os níveis hierárquicos, especialmente das novas gerações, também pressiona as empresas a reavaliarem suas políticas de gestão de pessoas. Ofertas como vale-refeição e transporte, antes consideradas diferenciais, hoje já não sustentam por si só a permanência de talentos.
“Há uma mudança cultural em andamento. O bem-estar físico, mental e emocional passou a ser critério relevante na hora de aceitar ou permanecer em um emprego, mesmo nas estruturas mais enxutas”, diz Gonzalez.
Com a consolidação das PMEs como força de trabalho no país e o avanço de soluções tecnológicas que reduzem custos e etapas, a expectativa é que o mercado de benefícios corporativos siga em expansão.
“Não se trata mais de replicar o modelo das grandes empresas, mas de construir uma lógica de benefícios condizente com o porte e o orçamento de cada negócio, sem abrir mão de impacto e valor agregado aos colaboradores”, conclui o executivo