Médico da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo explica os riscos à saúde e orienta sobre o descarte correto de medicamentos fora do prazo de validade
Guardar uma medicação na gaveta do banheiro e tomá-la meses depois é um hábito mais comum do que se imagina — e também perigoso. Mesmo que o remédio pareça intacto, o uso de medicamentos vencidos pode trazer riscos sérios à saúde.“Medicamentos vencidos não apenas perdem sua eficácia, como também podem provocar reações adversas e efeitos colaterais graves”, alerta o Dr. Thiago Piccirillo, clínico geral da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
De acordo com a Anvisa, o uso de medicamentos com validade expirada é contraindicado, justamente por não haver mais garantias quanto à estabilidade e à segurança do princípio ativo. Em outras palavras, além de não surtir o efeito esperado, o remédio pode provocar novos problemas de saúde.
“O prazo de validade é definido após estudos de estabilidade feitos pela indústria farmacêutica. Após esse período, o remédio pode sofrer degradação química, microbiológica ou física, o que pode resultar em ineficácia e até toxicidade”, explica o especialista.
Riscos que vão além da ineficácia
Segundo o Dr. Thiago, os principais riscos incluem intoxicações, reações alérgicas, sobrecarga hepática e agravamento do quadro clínico. “Diversos tipos de medicamentos podem apresentar problemas após o vencimento. Analgésicos, antitérmicos, anti-inflamatórios, anticoncepcionais e até medicamentos de uso contínuo para doenças crônicas podem perder seu efeito ou provocar efeitos adversos indesejados”, explica..
Além disso, o uso de antibióticos vencidos merece atenção especial por favorecer o desenvolvimento de bactérias resistentes, um problema grave de saúde pública. Um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontou que o uso inadequado de medicamentos, incluindo a automedicação com fármacos vencidos, está entre os principais fatores que contribuem para o aumento da resistência antimicrobiana no mundo.
Há ainda casos em que o princípio ativo se degrada com o tempo e pode se transformar em uma substância tóxica, aumentando o risco de complicações para o paciente. “Por isso, mesmo que o remédio pareça em bom estado, ele não deve ser utilizado após o vencimento”, reforça o Dr. Thiago.
Mas o que fazer com os remédios vencidos?
Se a solução não é tomar, tampouco é jogar no lixo comum ou no vaso sanitário. O descarte incorreto pode contaminar o solo, a água e afetar a saúde coletiva. “O ideal é levar os medicamentos vencidos ou em desuso a pontos de coleta especializados, como farmácias e unidades de saúde que participam de programas de recolhimento”, orienta o médico.
Veja algumas dicas para o descarte adequado:
- Não jogue no lixo doméstico, nem no vaso sanitário;
- Remova bulas e embalagens externas, sempre que possível;
- Leve os medicamentos vencidos a pontos de coleta de farmácias autorizadas ou postos de saúde.
A conscientização sobre o uso racional de medicamentos deve estar presente em toda a cadeia: do momento da compra ao descarte. Agir com responsabilidade é essencial para proteger a própria saúde, evitar riscos à comunidade e minimizar impactos no meio ambiente.