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Pesquisa CNT revela mudança nos hábitos de mobilidade e reforça papel do transporte coletivo

Ônibus é o meio de transporte mais utilizado pelos brasileiros para ir ao trabalho, mostra pesquisa da Ticket e RB / Foto: Freepik
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Estudo revela impactos da pandemia, mudanças no perfil dos deslocamentos e necessidade de políticas públicas integradas para garantir a sustentabilidade do sistema

A terceira edição da Pesquisa Mobilidade da População Urbana, realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em parceria com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), revela um cenário de desafios para o transporte público no Brasil. Com base em entrevistas realizadas com 10.064 pessoas em 2024, o levantamento aborda os principais fatores que influenciam a escolha dos modais de transporte e aponta direções para o futuro do setor.

A pesquisa evidenciou o impacto da pandemia na mudança de hábitos e deslocamentos, destacando o crescimento do transporte individual e a redução no uso do coletivo. Entre 2017 e 2024, 29,4% dos entrevistados deixaram de utilizar o transporte público, enquanto 27,5% diminuíram sua frequência. A perda de passageiros está diretamente relacionada a questões como conforto insuficiente (28,7%), falta de flexibilidade dos serviços (20,7%) e tempo elevado de viagem (20,4%).

O transporte público também enfrenta desafios relacionados à infraestrutura e ao financiamento. Apesar de 52,7% dos usuários utilizarem o ônibus como única opção de transporte, o modelo atual sofre com a falta de priorização. Dados do levantamento mostram que 60,7% dos passageiros aprovam linhas com faixas exclusivas ou sistemas BRT, que oferecem maior eficiência e qualidade. No entanto, o Brasil ainda necessita de 8.900 km adicionais de infraestrutura para atender adequadamente aos passageiros nas grandes cidades, segundo estimativas da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).

Outro ponto de destaque é o aumento na posse de veículos individuais. Entre 2017 e 2024, o percentual de entrevistados que possuem carro próprio subiu para 51,8%, enquanto a posse de motos atingiu 20,8%. Esse crescimento é mais expressivo nas classes B e C, refletindo políticas de incentivo fiscal e isenções tributárias para o transporte individual, mas resultando em impactos negativos como aumento do congestionamento e maior poluição. As emissões poluentes dos ônibus (urbanos, rodoviários e de fretamento) representam apenas 0,8% do total das emissões do país, segundo cálculo baseado em informações do Sistema de Estimativa de Emissões de Gases, do Observatório da China.

Soluções e expectativas

Entre as medidas citadas para reverter a queda na demanda por transporte público está a redução ou eliminação das tarifas. A pesquisa aponta que 69,6% dos que abandonaram o ônibus voltariam a utilizá-lo caso o preço fosse reduzido. Além disso, quase 80% dos deslocamentos de ônibus no país são realizados por usuários das classes C e D/E, para os quais a tarifa zero pode representar uma melhoria significativa na renda mensal e inclusão social.

Para Rubens Fernandes, diretor executivo da Busvale, o diálogo regional é fundamental para avançar em soluções práticas. “No Vale do Paraíba, estamos visitando pessoalmente prefeitos eleitos, secretários de mobilidade urbana, representantes nas câmaras municipais e outros agentes públicos para reforçar a importância do transporte coletivo. Nosso objetivo é aumentar o diálogo e conscientizar sobre os benefícios de um sistema integrado e acessível para a população”.

A Busvale também destaca o papel essencial de políticas públicas alinhadas. Manoel Adair, presidente da associação, enfatiza que o trabalho conjunto entre os setores público e privado é indispensável. “A sustentabilidade do transporte público exige ações coordenadas. Investir em infraestrutura, subsídios operacionais e políticas que priorizem o transporte coletivo são passos fundamentais para garantir um serviço de qualidade e acessível para todos”.

A CNT e a NTU reforçam que a solução para os problemas do transporte público depende de uma abordagem integrada. Políticas como escalonamento de horários, ampliação de corredores exclusivos e maior transparência na gestão são consideradas essenciais para fortalecer o sistema.

Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de priorizar o transporte coletivo como pilar para a mobilidade sustentável e o desenvolvimento das cidades brasileiras.

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