Confira análise de Lucas Sharau, assessor na iHUB Investimentos
No pregão do último dia 25 de setembro, as ações da Casas Bahia registraram queda, fechando cotadas a R$ 0,60 – uma depreciação de 12%. No acumulado, os papéis do grupo chegaram a registrar uma perda de 21%.
A situação tem suas raízes no insucesso da oferta de ações realizada no mês passado, que tinha como objetivo reestruturar as dívidas da companhia. Embora a oferta de ações tenha sido precificada a R$ 0,80 – trazendo um aporte de R$ 622,91 milhões ao caixa da empresa – este montante ficou abaixo das expectativas. Atualmente, a avaliação da empresa é inferior a R$ 1 bilhão, apresentando uma queda de aproximadamente 80% ao longo do ano.
Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, oferece sua visão sobre a atual situação: “Estamos vivenciando uma conjuntura complicada. As empresas do setor varejista têm sofrido devido à crise de crédito originada pelo escândalo da Americanas, que ocultou uma dívida de vinte bilhões de reais. Isso erodiu a confiança no mercado varejista brasileiro, fazendo com que os investidores, tanto nacionais quanto internacionais, hesitassem em investir”.
Ele ainda aponta que a percepção de que outras varejistas poderiam também ter irregularidades em seus balanços tem desencorajado os investidores. A falta de interesse no setor foi tão pronunciada que a Magalu chegou a oferecer uma taxa de quase 100% ao ano para quem quisesse alugar suas ações, dada a escassez de oferta.
Paulo continua: “A bolsa brasileira tem demonstrado resiliência, com potencial de alta nos próximos meses. Porém, a seleção de ativos é crucial. É essencial investir em empresas resilientes, com utilidade clara e uma longevidade no mercado. Por exemplo, enquanto o setor automotivo tradicional pode ver seu valor diminuir com a transição para veículos elétricos, setores como geração e distribuição de energia elétrica têm uma perspectiva mais estável”.
Ele enfatiza a influência do cenário internacional na bolsa brasileira, observando que a economia americana tem impactado a percepção dos investidores. A recente tendência de alta dos juros nos EUA tem levado muitos investidores a optar por títulos de renda fixa americanos.
Paulo conclui: “A conjuntura global, juntamente com a situação brasileira, trará expectativas conforme descrito. No entanto, muitos fatores ainda são incertos, e muita coisa pode mudar no cenário econômico e político. A complexidade deste tema é profunda e repleta de variáveis. Espero ter esclarecido um pouco mais sobre o contexto”.