Especialista explica como calcular o valor ideal para complementar a aposentadoria pública e traçar estratégias realistas para garantir uma renda vitalícia
Para quem deseja uma aposentadoria tranquila e acima do teto pago pelo INSS, contar apenas com a Previdência Social não é suficiente. O teto do INSS, hoje em R$ 8.157,41, é de difícil acesso e sujeito a reajustes que apenas acompanham a inflação, sem ganho real de poder de compra. Por isso, construir um patrimônio próprio para gerar renda complementar tem se tornado cada vez mais importante.
Lucas Sharau, economista e sócio da iHUB Investimentos afirma que o segredo está em adotar uma metodologia consagrada de planejamento financeiro, baseada na taxa segura de retirada (ou Safe Withdrawal Rate), que considera uma retirada sustentável de 4% ao ano do capital acumulado.
“Para quem deseja uma renda complementar de R$ 5 mil por mês, o patrimônio necessário gira em torno de R$ 1,5 milhão. Essa conta parte do pressuposto de uma rentabilidade real de pelo menos 4% ao ano, o que garante a preservação do capital ao longo da aposentadoria”, explica Sharau.
Quanto poupar hoje para garantir a tranquilidade de amanhã
A dúvida mais comum entre investidores é: quanto preciso guardar por mês para atingir esse capital? A resposta depende de tempo, perfil de risco e disciplina. Um aporte mensal de R$ 800 por 30 anos, com retorno real de 6% ao ano, por exemplo, pode resultar em cerca de R$ 780 mil. Já quem começa mais tarde, aos 40 anos, terá que poupar mais que o dobro para atingir o mesmo objetivo.
“A lógica é simples: quanto mais cedo se começa, menos esforço mensal será necessário. Adiar esse planejamento exige aportes maiores e uma estratégia mais agressiva”, alerta Sharau.
O especialista também reforça a importância de ajustar o valor da aposentadoria desejada à realidade do padrão de vida. A recomendação, segundo a metodologia CFP, é buscar manter de 70% a 90% do último salário na aposentadoria, o que exige cálculos personalizados e uma avaliação realista dos custos futuros.
Diversificação e estratégias inteligentes fazem a diferença
Para acumular patrimônio com eficiência, é essencial diversificar. Segundo Sharau, os investimentos devem se dividir entre três pilares principais:
- Renda Fixa protegida contra Inflação: Tesouro IPCA+ ou CDBs de longo prazo;
- Previdência Privada (PGBL e VGBL): vantajosa pelo planejamento sucessório e benefício fiscal;
- Renda Variável: fundos imobiliários e ações, especialmente nas fases iniciais de acúmulo.
“Uma carteira bem construída considera o cenário econômico, o perfil de risco do investidor e o tempo disponível. Em momentos de juros altos, a renda fixa ganha protagonismo. Já com juros baixos, é preciso buscar ativos mais arrojados para proteger o poder de compra”, orienta.
Mais do que números: liberdade e autonomia
Sharau alerta ainda para riscos muitas vezes ignorados, como a inflação, a longevidade e mudanças regulatórias nos produtos financeiros. Por isso, o acompanhamento profissional é crucial.
“Planejar a aposentadoria é transformar o futuro em números. Com rigor, disciplina e conhecimento, é possível construir um futuro mais digno e estável. O importante é começar e não parar. Afinal, o futuro não se adivinha. O futuro se constrói”, finaliza Lucas Sharau.