Conforme dados da Pesquisa Nacional de Saúde, em 2019, cerca de 20% dos brasileiros maiores de 18 anos estavam obesos. Outro estudo, desta vez realizado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP, (Nupes) identificou que durante a pandemia de Covid-19, iniciada em março de 2020, 19,7% da população tive um aumento de ao menos 2 quilos em seu peso, enquanto apenas 15,2% teve uma redução nos números da balança.
Este quadro provoca preocupação entre os especialistas, visto que essa condição é considerada doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Para o cirurgião bariátrico, especialista no tratamento de obesidade e diretor do Instituto Mineiro de Obesidade (IMO), Dr. Leonardo Salles, a doença que precisa de mais atenção.
“Explicando melhor, a obesidade é uma doença crônica que tem como sintoma excesso de gordura corporal a níveis que prejudicam a saúde do indivíduo. Essa comorbidade é tão grave que por si só é capaz de acarretar outras doenças também graves. Exemplos são o diabetes, a hipertensão, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Mesmo assim, a obesidade ainda é um problema que passa um pouco despercebido e que precisa de mais atenção urgente”, explica o médico.
Ainda de acordo com a OMS, uma pessoa que tenha o Índice de Massa Corpórea (IMC) igual ou maior que 30 kg/m2 e a faixa de peso normal varia entre 18,5 e 24,9 kg/m2 é considerada obesa. Os indivíduos que possuem IMC entre 25 e 29,9 kg/m2 são diagnosticados como sobrepeso e já podem ter alguns prejuízos com o excesso de gordura.
“É importante melhorar a percepção da patologia obesidade, e se tratar além do peso, podemos utilizar várias ferramentas para alcançar a perda de peso, entre elas o balão intragástrico, ou mesmo a cirurgia bariátrica, mas nenhum método vai ter resultados duradouros sem que tratemos o mecanismo de ganho de peso, por isso é fundamental uma abordagem multidisciplinar, que envolve nutrição, para trabalhar a reeducação alimentar, a endocrinologia, que vai rastrear o paciente atras de alterações que possam prejudicar o controle do peso, equipe de psicologia e psiquiatria, para trabalhar a relação patológica que o paciente desenvolve com a comida usando-a como recompensa, como compensação ou mesmo como válvula de escape, além é claro de tratarmos o sedentarismo”, acrescenta o diretor do IMO.
Entre as possibilidades de tratamento, o Dr. Leonardo Salles destaca o uso do balão intragástrico. Tal procedimento consiste em um balão de silicone que é introduzido no estômago por via endoscópica e é preenchido com soro fisiológico e azul de metileno.
“O balão intragástrico aumenta a sensação de saciedade permitindo que a pessoa coma menos. Este tratamento ocorre sem cirurgia, sem internação hospitalar, a partir de introdução e retirada por via endoscópica, sem cortes ou pontos. O tratamento provoca perda média de 20% a 30% do peso corporal em seis meses ou um ano de tratamento e pode levar a vida normalmente, claro que com algumas restrições alimentares comuns. É um tratamento eficaz, bastante comum e com poucos riscos. É indicado para pacientes com IMC acima de 27. O IMO é referência internacional nesse tipo de procedimento.