Mudanças na apuração de tributos devem levar empresas a revisar custos e estratégias de precificação durante a transição até 2032
Com início da fase de transição previsto para janeiro de 2026, a Reforma Tributária propõe a substituição de tributos atuais por um modelo baseado no Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, composto pela Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS) e pelo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS). O objetivo é simplificar o sistema tributário e reduzir distorções que afetam a economia brasileira.
A mudança no modelo de arrecadação deve gerar impactos que vão além do ambiente empresarial, alcançando diretamente o consumidor final. Isso ocorre porque a nova forma de apuração e recolhimento dos tributos exigirá que empresas revisem custos operacionais, margens de lucro e estratégias de precificação, o que pode resultar em ajustes nos preços de produtos e serviços.
Para Robinson de Castro, contador, advogado e presidente do Grupo Controller, a alteração no sistema tributário tende a provocar mudanças significativas na formação de preços. “Apesar de ser chamada de Reforma Tributária, na prática, ela também interfere diretamente na precificação. A mudança no modelo de arrecadação impacta o cálculo de custos e margens das empresas, o que acaba sendo refletido nos valores repassados ao consumidor final, seja em produtos ou serviços”, afirma.
Os efeitos da reforma não devem ocorrer de forma homogênea entre os setores da economia. Cada segmento possui características próprias de consumo, crédito e repasse tributário, o que pode resultar em impactos distintos ao longo da cadeia produtiva. Ainda assim, a tendência é que os ajustes atinjam diferentes elos do mercado.
Segundo Robinson, o processo de adaptação ao novo modelo tributário deve ocorrer de forma gradual. “A reorganização das empresas não acontece de maneira imediata. Contratos, estruturas de custos e estratégias comerciais precisarão ser revistos ao longo do tempo, o que pode gerar alterações progressivas nos preços praticados. Trata-se de um processo de transição que pode se estender por vários anos”, explica.
Ainda de acordo com o especialista, o impacto nos preços só deve ocorrer em 2027, tendo em vista que a transição que iniciará em janeiro representará um período de testes, onde o novo modelo será aplicado em paralelo ao atual.
A implementação da Reforma Tributária ocorrerá de forma escalonada entre 2026 e 2032. Durante esse período, o modelo atual de cobrança será gradualmente substituído pelo sistema do IVA dual. A previsão é que a reforma entre em plena vigência a partir de 2033, quando os tributos que serão substituídos deixarão de existir definitivamente.
