A representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) no Brasil, Socorro Gross, defendeu que o Brasil e os vizinhos sul-americanos busquem autonomia quando o assunto é a produção de insumos e equipamentos estratégicos de saúde. Segundo ela, a pandemia ensinou que a dependência de medicamentos e de matérias-primas de outros países deve ser evitada. A declaração foi feita durante a abertura do 1º Fórum Global do Complexo Industrial da Saúde, em Brasília, nesta terça-feira (16).
“Nossa região experimentou, nessa pandemia e, agora, com a monkeypox, que a globalização dos produtos também tem que ter um olhar de autonomia, soberania, proteção e seguridade. As Américas foram uma região totalmente desprotegida de produtos muito simples, que o Brasil tem tudo para produzir, como Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) para os profissionais da saúde, medicamentos de alto e baixo custo, que hoje trazemos de outras regiões do mundo”, afirmou.
“Que não tenhamos nunca uma repetição dessa natureza, onde indústrias de fora fecham e nós ficamos sozinhos”, apelou. Socorro Gross também disse que o Brasil tem potencial para ser referência desse movimento no nível regional.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destacou que o Brasil é signatário de uma proposta no âmbito do G-20, que reúne as vinte maiores economias do mundo, que tem o objetivo de fortalecer os complexos industriais de saúde para garantir mais “equidade na oferta dos insumos estratégicos”.
O titular da pasta também pontuou que o Brasil é um dos maiores mercados do mundo para a indústria farmacêutica e que o papel do governo é não atrapalhar a iniciativa privada. “Juntos, acreditando nos senhores, como nós acreditamos, nós podemos fazer muito mais. Temos uma estrada de mão dupla, que tem que ser construída de maneira compartilhada. É a parceria do governo com a iniciativa privada”.
A diretora do Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde do Ministério da Saúde, Maíra Carneiro, concordou que este é o momento de fomentar a produção nacional de insumos na área da saúde. “A gente entende que está num momento de necessidade de fortalecimento de cadeias produtivas regionais e de suprimento, o contexto da necessidade de soberania de insumos farmacêuticos ativos (IFAS), dados os desafios impostos pela pandemia, a guerra e muitos outros que virão”, disse.
O evento
O Complexo Industrial da Saúde (CIS) é formado pelos setores industriais de base química e biotecnológica, que produzem os fármacos, medicamentos, imunobiológicos, vacinas, hemoderivados e reagentes; e de base mecânica, eletrônica e de materiais, responsáveis pelos equipamentos mecânicos, eletrônicos, próteses, órteses e materiais.
Esses setores industriais se relacionam com os hospitais, serviços de saúde e de diagnóstico, a sociedade e o Estado para ofertar serviços e produtos em saúde. No Ministério da Saúde, a atuação no CIS ocorre por meio da Coordenação-Geral do Complexo Industrial da Saúde.
O fórum realizado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira promoveu o encontro e debates entre os representantes de instituições públicas e privadas que fazem parte do CIS.
POLIOMIELITE: Campanha nacional pretende vacinar 95% das crianças menores de 5 anos
SARAMPO: Ministério da Saúde cria sala para monitorar casos da doença