Riscos econômicos e sociais dominam as preocupações de líderes empresariais brasileiros em 2025

Selic deve cair somente em 2026, estima BB Previdência / Foto: Freepik
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Executive Opinion Survey 2025, estudo global do Fórum Econômico Mundial, em parceria com Zurich Insurance Group e Marsh McLennan, mostra que a economia e questões sociais têm ocupado o topo das preocupações das empresas

Foi lançada a Executive Opinion Survey 2025, pesquisa realizada anualmente pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com o Zurich Insurance Group e a Marsh McLennan (NYSE: MMC), líder global em risco, estratégia e pessoas, e que identifica os principais riscos de curto prazo para empresas e economias no mundo.

O estudo reúne percepções de mais de 11 mil líderes empresariais de 116 países, antecedendo a publicação do tradicional Relatório de Riscos Globais (Global Risks Report – GRR), com destaque para as percepções dos líderes dos países que compõem o G20.

No Brasil, o cenário da pesquisa é marcado por pressões econômicas e sociais. A recessão econômica aparece em primeiro lugar. Em segundo, estão os serviços públicos e as proteções sociais insuficientes, que abrangem educação, infraestrutura e previdência. O endividamento (público, corporativo e doméstico) figura na terceira posição, seguido por crime e atividade econômica ilícita, e pela inflação em quinto lugar.

De acordo com Edson Franco, CEO da Zurich Seguros no Brasil, os resultados reforçam a urgência de fortalecer os mecanismos de estabilidade financeira das famílias. “A pesquisa mostra que a seguridade volta a ocupar um espaço central nas preocupações dos líderes brasileiros. Essas fragilidades tornam a previdência complementar e os produtos de proteção de longo prazo ainda mais relevantes em um país que envelhece rapidamente”, pontua o executivo.

Segundo ele, as questões de seguridade, bem-estar e saúde pública influenciam a estabilidade das empresas, a capacidade de planejamento das pessoas e o bem-estar das comunidades, exigindo ações coordenadas e conjuntas entre diferentes setores e governos e sociedade para aumentar a resiliência da sociedade brasileira.

Franco ainda chamou a atenção para o fato de que os eventos climáticos extremos, que estiveram presentes no Top 5 da pesquisa do ano passado, desta vez ficaram de fora dos cinco principais riscos apontados. Segundo ele, um cenário que entra em conflito com a presença constante do tema na agenda do país ao longo de todo ano de 2025, em função da COP30.

“Em pleno ano de COP30, mesmo após episódios cada vez mais frequentes, os riscos climáticos não apareceram este ano. Isso é preocupante, pois revela como as questões econômicas e sociais mais imediatas acabam ganhando prioridade. Não podemos esquecer a importância da agenda climática para a resiliência das empresas e de toda a sociedade. Essa não é uma preocupação que deve estar em um futuro distante, é parte do presente e exige uma colaboração de todos os setores, o que só vai acontecer se esta agenda se manter prioritária”, defende Franco.

Para Paula Lopes, presidente da Marsh Brasil, o relatório evidencia uma transição crucial na agenda de risco das empresas: as ameaças sociais e tecnológicas, que ganharam um lugar de destaque ao lado das preocupações econômicas imediatas. Isso demonstra uma visão mais ampla e integrada dos líderes, ao entenderem que a estabilidade dos negócios está intrinsecamente ligada ao bem-estar social e à confiança digital.

“No entanto, é fundamental que esse olhar estratégico seja amplo. A ausência dos eventos climáticos extremos no ranking de preocupações de curto prazo não significa que o risco tenha diminuído. Pelo contrário, significa que sua materialização é considerada certa e sua gestão não pode mais ser adiada. A construção de resiliência climática é um imperativo de longo prazo que demanda ação imediata”, afirma. “Empresas, governos e a sociedade precisam unir forças agora para adaptar infraestruturas, repensar modelos de negócio e proteger comunidades, transformando esse desafio global em uma oportunidade de inovação e desenvolvimento sustentável”, complementa.

Cenário Global e América Latina

Na América Latina (incluindo Argentina e México, que também compõem o G20), os principais riscos enfrentados por empresas e sociedades incluem a insuficiência de serviços públicos e proteções sociais, a falta de oportunidades econômicas e o desemprego, além da crescente atividade criminosa e econômica ilícita. Além disso, a região é afetada pela incerteza econômica decorrente de possíveis recessões e pela polarização social, fatores que juntos representam desafios significativos para a estabilidade e o desenvolvimento sustentável no curto e médio prazo.

Para Carlos A. Rivera, CEO da Marsh McLennan para América Latina e Caribe, os desafios sociais e econômicos estão profundamente entrelaçados, com riscos como a insuficiência de serviços públicos e a falta de oportunidades econômicas impactando diretamente a estabilidade da América Latina. É importante que as organizações enfrentem esses riscos com uma abordagem integrada, que combine resiliência financeira, inovação na gestão de riscos e colaboração multissetorial para proteger as comunidades e promover um desenvolvimento sustentável e equitativo.

Laurence Maurice, CEO da Zurich na América Latina, afirma que os resultados reforçam desafios comuns nos países latino-americanos. “Os riscos relacionados às proteções sociais aparecem com força em toda a região. Ampliar o acesso à proteção financeira e investir em educação e formação profissional são caminhos essenciais para fortalecer a resiliência das comunidades”. Segundo ela, os resultados dialogam diretamente com iniciativas conduzidas regionalmente pela Zurich, como a capacitação técnica, desenvolvimento de competências socioemocionais e inclusão produtiva de jovens, ampliando oportunidades de empregabilidade e contribuindo para a resiliência social.

Já entre os países do G20, os dois primeiros lugares do ranking seguem a mesma linha do ranking brasileiro, com a recessão econômica permanecendo como o principal risco pelo terceiro ano consecutivo, e ocupando o primeiro lugar em seis economias do G20, incluindo Reino Unido e Estados Unidos. Ele é seguido pela preocupação com a insuficiência de serviços públicos e proteções sociais – a situação fica evidente especialmente na Europa, onde o envelhecimento da população tem avançado com velocidade.

“Desafios como previdência e saúde pública não são mais apenas questões governamentais – são prioridades dos conselhos de administração. É alarmante ver que, hoje, na Europa, há menos de três adultos em idade ativa para cada aposentado, e mais de um terço dos cidadãos da UE não está economizando o suficiente para a aposentadoria. Essas lacunas ameaçam tanto o bem-estar da força de trabalho quanto a estabilidade social mais ampla. O momento de agir é agora; ao unir forças entre setores, podemos ajudar as pessoas a construir resiliência financeira e garantir um futuro melhor para todos”, afirma Alison Martin, CEO EMEA & Bank Distribution do Grupo Zurich.

Em terceiro e quarto, respectivamente, aparecem a falta de oportunidades econômicas ou desemprego e a inflação. O quinto risco é composto por ameaças tecnológicas relacionadas à desinformação, que entram pela primeira vez no Top 5 do G20. A presença inédita deste risco se deve ao avanço das ferramentas de inteligência artificial e ao receio de que a propagação de conteúdos falsos afete eleições, mercados, infraestrutura e segurança digital.

“Com o avanço da inteligência artificial, a proliferação da desinformação e da informação incorreta está permitindo que agentes mal-intencionados atuem de forma mais ampla. Por isso, os desafios trazidos pela rápida adoção da IA e pelas ameaças cibernéticas associadas agora ocupam o topo das agendas dos conselhos de administração”, pontua Andrew George, presidente da Marsh Specialty.

Os eventos climáticos extremos, que estiveram no Top 5 do G20 em 2024, também não aparecem entre os principais riscos de 2025, levantando questões sobre como o grau de polarização social e política está moldando a aceitação atual em relação às mudanças climáticas.

“Embora fatores econômicos e geopolíticos tenham desviado parte da atenção dos compromissos de mudança no curto prazo, as empresas devem manter o foco em seus objetivos ambientais para mitigar os riscos associados às mudanças climáticas no longo prazo”, complementa George.

Para Zurich e Marsh, o estudo oferece subsídios estratégicos para empresas, governos e lideranças compreenderem tendências e desenvolverem soluções que fortaleçam a segurança e a sustentabilidade das sociedades.

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