Confira análise de relatório elaborado pela Swiss Re
Muito mudou no último ano. Alcançando uma desaceleração da COVID-19 e enfrentando os efeitos das mudanças climáticas e questões políticas globais, a economia mundial está sob pressão crescente. O novo relatório sigma “Inflationary recessions re-price risk: global economic and insurance outlook 2023/24” prevê um crescimento do PIB mundial de 1.7% em 2023, à medida que as recessões inflacionárias se desenrolam nas principais economias.
Esse cenário também impactará nossa região. O relatório de mercado da América Latina do Swiss Re Institute prevê um crescimento moderado do PIB para 1.3% no próximo ano, abaixo dos 3.1% esperados para este ano. As condições financeiras mais apertadas, os preços de commodities mais baixos (mas ainda altos) e a desaceleração econômica global pesarão no crescimento regional.
Qual o cenário para o Brasil?
O relatório da Swiss Re projeta um crescimento econômico moderado de 0.4% no Brasil no próximo ano, abaixo dos 2.6% estimados para este ano. A atividade econômica foi mais intensa do que o esperado em 2022 devido às condições externas favoráveis, com o aumento das receitas de exportação devido aos preços mais altos das commodities e uma nova rodada de transferências de dinheiro do governo para as famílias impulsionou o consumo.
A agenda de reformas permanece incerta e os encargos da dívida persistem.
A Swiss Re espera que a inflação desacelere em 2023 para uma média de 6.4%, de uma estimativa de 9.7% em 2022, mas ainda acima da meta do Banco Central, de 3.25% (a quarta vez consecutiva). O Brasil tem lutado contra uma inflação alta há mais de um ano, mas acreditamos que os preços atingiram o pico no segundo trimestre de 2022 e as pressões inflacionárias começaram a diminuir.
A companhia prevê que os prêmios totais crescerão 3% em termos reais em 2023, abaixo dos 4.3% estimados em 2022. O crescimento foi impulsionado por não-vida e isso continuará, embora seja esperado que o crescimento dos prêmios de vida se fortaleçam também no próximo ano.
O mercado de seguros tem se mostrado mais resiliente do que o esperado, refletindo a atividade econômica favorável, o endurecimento das tarifas devido à inflação e a maior conscientização do público sobre o seguro de vida pós-pandemia.
Inovação, transformação digital e condições regulatórias mais favoráveis como o Open Insurance (o compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio da abertura e integração de sistemas) têm impulsionado importantes mudanças no mercado nos últimos anos. Estes impulsionadores continuarão a criar novas oportunidades de negócios para aumentar a penetração no mercado e o crescimento acima da tendência.
A pesquisa global com consumidores de 2022 constatou que mais de 50% dos entrevistados no Brasil planejam usar mais os canais digitais para suas necessidades relacionadas com o seguro.
A Swiss Re prevê que os prêmios de L&H aumentarão 2.3% em 2023, acima dos 1.1% estimados em 2022. A alta inflação corroeu crescimento nominal dos prêmios de vida, com o crescimento negativo dos produtos de risco compensado pelos produtos de poupança no primeiro semestre. O alto desemprego limitará a demanda por seguro saúde (1 a 2%), que em grande parte vem de planos de benefícios do empregador.
Por fim, a holding projeta um crescimento acima da tendência nos prêmios não vida de 4.5% em 2023, após um forte crescimento em 2022 (estimado 12%). O crescimento deste ano foi impulsionado pelos prêmios de automóveis, devido aos preços mais altos dos veículos e uma recuperação nas vendas de veículos (cerca de 30% de novos registros em agosto passado). No entanto, os aumentos de preços dos veículos provavelmente diminuirão à medida que as cadeias de produção se normalizarem.