Instituições financeiras sofrem milhares de ataques por semana; Teltec Data alerta para necessidade de integração entre tecnologia, governança e treinamento humano.
O setor financeiro brasileiro está diante de um conflito cada vez maior. A mesma digitalização que o tornou referência em inovação global também abriu espaço para uma onda sem precedentes de crimes cibernéticos. Entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025, cada instituição enfrentou em média 1.752 tentativas de ataque semanais, número superior à média global. Esse volume crescente é reflexo direto da massificação do Pix, já adotado por mais de 76% da população, do boom de fintechs com diferentes estágios de maturidade em segurança e da complexidade do ecossistema bancário, que conecta sistemas legados a novas tecnologias.
Os impactos financeiros acompanham essa escalada.Estimativas apontam que as perdas com ataques digitais podem ultrapassar R$ 2,2 trilhões até 2028, um cenário alimentado por fraudes em pagamentos instantâneos, ransomware e golpes de engenharia social. Só em 2024, as fraudes no Pix cresceram 70% em relação ao ano anterior, somando quase R$ 5 bilhões em prejuízos, enquanto ataques de ransomware atingiram 73% das instituições, gerando perdas bilionárias e forçando a interrupção de operações críticas.
A análise desses números revela que o problema não está apenas na frequência dos ataques, mas na sofisticação das táticas que estão sendo utilizadas. O tempo médio entre a descoberta de uma falha e sua exploração por criminosos caiu de 32 para apenas cinco dias. Plataformas clandestinas que funcionam como marketplaces de dados roubados cresceram 300% em usuários, e versões mais avançadas de ransomware, que priorizam a exfiltração de informações sem criptografia, já dominam o cenário. Nesse ambiente, o fator humano segue sendo o elo mais frágil: em 80% dos incidentes, o erro de um colaborador foi a porta de entrada.
Para Franklin Nunes, Head de Soluções Cloud e Arquitetura da Teltec Data, especialista na criação de ecossistemas digitais que aceleram a transformação tecnológica das empresas, a resposta a esse desafio precisa ser proporcional à escala do risco. “Não há mais espaço para uma segurança estática. O setor financeiro precisa de estratégias dinâmicas, que unam tecnologia de ponta, processos bem estruturados e conscientização contínua. SOCs especializados em monitoramento 24/7 permitem reduzir drasticamente o tempo de resposta e antecipar movimentos dos atacantes, mas é igualmente fundamental preparar pessoas para reconhecer tentativas de fraude e agir como barreira de defesa”, explica.
Segundo o executivo, a resiliência digital depende de uma abordagem integrada, que envolva múltiplos fatores de autenticação, visibilidade completa dos ativos, atualização constante das defesas e governança em todos os níveis da instituição. “A inovação que impulsionou a digitalização do setor financeiro precisa caminhar lado a lado com a proteção. Caso contrário, os ganhos conquistados com a modernização podem se transformar em perdas bilionárias e erosão de confiança”, conclui.
Com 2025 caminhando para superar o recorde de ataques registrados no ano anterior, o setor financeiro brasileiro enfrenta um momento decisivo. A escolha entre investir de forma estratégica em cibersegurança ou manter defesas fragmentadas determinará não apenas a solidez das instituições, mas também a confiança de milhões de brasileiros que dependem diariamente desses serviços.