Com 1,2 milhão de pessoas jurídicas associadas, instituição financeira cooperativa facilita acesso ao crédito para micro e pequenas empresas
O universo da beleza foi o ponto de partida da paraguaia Noelia Gecse, de 31 anos, para uma trajetória de protagonismo e transformação. Ex-doméstica e administradora rural, ela chegou ao Brasil em 2018 com o filho de seis anos nos braços, sem experiência formal e cheia de receios. Hoje, é referência em Serranópolis do Iguaçu (PR), onde comanda o Noelia Gecse Beauty Studio — um espaço que vai além dos serviços estéticos e se destaca como polo de capacitação e incentivo ao empreendedorismo feminino. A virada veio com o crédito de R$ 21,5 mil concedido pelo Sicredi, com garantia do Fundo de Aval às Micro e Pequenas Empresas (Fampe) — solução criada pelo Sebrae para apoiar negócios de pequeno porte que buscam se desenvolver com segurança e estrutura.
Com o apoio da instituição financeira cooperativa à qual é associada, Noelia reformou e ampliou o estúdio, contratou novas profissionais e transformou o espaço em um centro completo de beleza para mulheres da região. Hoje, oferece serviços de unhas, cabelo, maquiagem, estética e extensão de cílios. Também criou uma sala exclusiva para cursos, onde capacita mensalmente entre 4 e 18 alunas nas áreas de esmaltação e alongamento de unhas — e, em breve, também em maquiagem e cílios. “Ver outras mulheres se formando e gerando renda a partir dos cursos que ofereço é uma realização. Meu propósito é esse: ajudar outras mulheres a conquistar a independência financeira e alcançar o sucesso por meio de uma profissão que amo”, afirma Noelia.
A empresária é uma das milhares de empreendedoras brasileiras que encontraram, no Fampe Mulheres Empreendedoras, uma ponte entre o sonho e a realização. Lançado pelo Sebrae em 1995, o fundo funciona como garantidor complementar, permitindo que negócios sem garantias suficientes tenham acesso ao crédito com menos burocracia e mais segurança. Desde então, o Fampe já viabilizou mais de 584 mil operações de crédito até 2023, movimentando R$ 31 bilhões, dos quais R$ 23 bilhões foram garantidos diretamente pelo Sebrae.
Ao ultrapassar a marca de 9 milhões de associados no país — sendo 1,2 milhão de pessoas jurídicas, das quais 95% são micro, pequenas empresas ou MEIs —, o Sicredi reforça seu compromisso com a ampliação do acesso ao crédito para segmentos estratégicos da economia. Nesse contexto, em 2023, a instituição firmou parceria com o Sebrae para oferecer linhas de crédito com garantia do Fampe aos associados dos estados do Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. “Temos diversas histórias inspiradoras de empresas e empreendedores, como a Noelia, que acessaram crédito com o Sicredi utilizando o Fampe como garantia adicional. A linha está disponível para MEIs e microempresas que se enquadrem no programa, incluindo empreendedores do agro”, destaca o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Central Sicredi PR/SP/RJ, Gilson Farias.
Empreendedorismo feminino em ascensão
O caso de Noelia faz parte de um movimento em constante crescimento. Segundo levantamento do Sebrae, o Brasil alcançou, em 2024, o número recorde de 10,35 milhões de mulheres empreendedoras. Apesar do avanço, o caminho ainda é marcado por desafios: no empreendedorismo, as mulheres ganham, em média, 24,4% menos que os homens. A desigualdade é ainda mais acentuada entre mulheres negras, cuja renda é 47,5% inferior à das mulheres brancas. Iniciativas como o Fampe buscam reduzir essas barreiras, oferecendo crédito, capacitação e dignidade.
Ao multiplicar conhecimento e gerar oportunidades, Noelia contribui para um ciclo virtuoso de inclusão produtiva e desenvolvimento local, impactando diretamente outras mulheres da comunidade. Para o Sicredi, iniciativas como essa refletem o potencial transformador do crédito orientado quando aliado a programas como o Fampe. “Esses instrumentos permitem ampliar o alcance das soluções de crédito, principalmente entre empreendedores que têm potencial de crescimento, mas enfrentam restrições por falta de garantias. É uma forma de tornar o sistema financeiro mais acessível, inclusivo e conectado com a realidade de quem está na base da economia”, explica Gilson Farias.
“Com o apoio do Sicredi, consegui tirar meu projeto do papel e estruturar um negócio que hoje gera renda não só para mim, mas para outras mulheres da comunidade. Mais do que acesso ao crédito, encontrei uma relação de confiança e proximidade, que fez diferença em cada etapa do processo. Ter com quem contar nesse momento foi fundamental para que eu seguisse em frente”, conclui Noelia.