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Solidão entre idosos se torna alerta de saúde pública, apontam estudos

two person talking while standing near wall
Photo by Cristina Gottardi on Unsplash

Pesquisas brasileiras revelam que uma parcela considerável dos idosos sente-se sozinha. Especialistas pedem atenção de famílias, profissionais de saúde e gestores públicos

O sentimento de solidão, frequentemente subestimado, tem ganhado destaque como um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, especialmente entre pessoas idosas.

Uma pesquisa publicada em maio deste ano no Cadernos de Saúde Pública (Fiocruz / Unifesp) mostrou que todos os idosos entrevistadosrelataram algum tipo de sofrimento psíquico: depressão, ansiedade, angústia, medo ou pensamentos de morte.

A maioria se sente isolada, invisível e como um fardo para familiares.

A convivência limitada, a falta de escuta ativa e a redução da autonomia são fatores que agravam a saúde mental. Para esses idosos, a solidão é mais do que ausência de companhia. É a sensação de não pertencer, de não ser ouvido, de não fazer falta.

Já o Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), da Unicamp, publicado em 2023, 16,8% dos idosos relataram solidão frequente, enquanto 31,7% disseram se sentir sozinhos às vezes. O levantamento envolveu 7.957 participantes e apontou que idosos que vivenciam esse sentimento têm até quatro vezes mais chances de desenvolver sintomas depressivos.

A fase da terceira idade é um período em que as pessoas têm muitas perdas, tanto perdas de familiares e amigos quanto as físicas, como perda de massa óssea e de qualidade da saúde em geral, e tudo isso pode trazer problemas de saúde mental. “Sabemos que ter pessoas em volta, amigos, família, melhora muito esses indicadores de bem-estar psicológico, por isso é importante não deixar os idosos sozinhos”, diz Danielle Admoni, psiquiatra geral e psiquiatra da infância e adolescência, supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Além dos impactos emocionais, a solidão afeta também a saúde física. Estudos internacionais mostram que o isolamento crônico pode aumentar em até 56% o risco de AVC e em até 40% o risco de desenvolver demência. Pesquisas como essas, ambas publicadas em 2024 na Nature Mental Health(Universidade do Estado da Flórida, EUA) e na revista eClinicalMedicine (Harvard e Universidade da Califórnia), reforçam o impacto sistêmico da solidão prolongada em idosos.

A boa notícia é que há caminhos possíveis para reverter esse cenário. Participar de grupos de convivência, atividades culturais ou comunitárias, contar com redes de apoio familiar e social e ter acesso a profissionais que ofereçam escuta ativa são fatores protetores comprovados contra a solidão e a depressão. Para lidar com esse problema multifatorial, são necessárias políticas públicas estruturadas para a formação de mais redes de cuidado e integração social.

“É importante que o idoso tenha uma vida ativa, pratique atividade física, tenha uma boa rotina de sono e alimentação saudável. Mas o principal fator de proteção é a convivência com outras pessoas”, diz Danielle.

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