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Thomas Gautier, o CEO francês que planeja captar R$ 70 milhões no setor de logística brasileiro

Thomas Gautier é responsável pela concepção do Freto, startup que tem como propósito simplificar a logística rodoviária / Foto: Divulgação
Thomas Gautier é responsável pela concepção do Freto, startup que tem como propósito simplificar a logística rodoviária / Foto: Divulgação

Executivo encara como missão de vida promover eficiência e transparência operacional na logística

Um CEO francês de uma logtech brasileira que começou sua carreira como técnico de futebol e não falava uma palavra de português até se mudar para o Brasil, em 2013, está movimentando milhões no mercado local. Thomas Gautier é responsável pela concepção do Freto, startup que tem como propósito simplificar a logística rodoviária, movendo Caminhoneiros, conectando as melhores cargas aos transportadores mais qualificados para transportá-las de maneira 100% digital. A plataforma, em operação desde 2018, está em sua fase mais madura, figurando na lista 100 Startups to Watch 2022 (Pequenas Empresas & Grandes Negócios), finalista no Startup Awards 2022 na categoria ‘Startup do Ano’ (Associação Brasileira de Startups) e terminando entre os 10 finalistas da competição de startups do South Summit Brazil 2023 que reuniu mais de 2 mil empresas no Brasil e no exterior.

No âmbito das captações, o Freto está em sua segunda rodada de investimentos em menos de dois anos. A primeira, finalizada em julho de 2021, trouxe R$ 22,5 milhões ao caixa da empresa. Agora, o “francês de coração brasileiro”, como Gautier, chamado de Thom por aqui, faz questão de se apresentar, busca mais R$ 50 milhões junto a investidores locais.

O executivo encara como missão de vida promover eficiência e transparência operacional na logística e impactar positivamente a vida e o trabalho de 2,4 milhões de caminhoneiros que transportam mais de 66% da economia brasileira pelas rodovias, movimentando mais de R$ 500 bilhões por ano. Essa logística humanizada, feita de pessoas para pessoas, resultou no termo Humanologística, cunhado e amplamente defendido por Thom.

Nascido na pequena Saint-Brice, cidade no noroeste da França com pouco mais de 5 mil habitantes, aprendeu sobre empreendedorismo dentro de casa: nunca recebeu mesada e sempre trabalhou nas férias para ganhar seu dinheiro. O irmão tem uma pizzaria na mesma cidade, o pai já teve dois restaurantes e a mãe já empreendeu com uma loja de roupas. Aos 15 anos, tornou-se técnico do Football Club Briçois, onde desenvolveu habilidades de liderança, gestão de pessoas, propósito e senso coletivo.

Aos 23, teve sua primeira experiência no turismo como auditor interno do Grupo Accor. Na ocasião, conheceu mais sobre a arte de receber e a experiência do cliente, teve a oportunidade de conhecer mais de 20 países e esteve em todos os continentes em viagens no período de um ano e meio. Morou na Espanha mais de um ano e aprendeu sobre adaptabilidade e, por 10 anos viajando a trabalho, absorveu a riqueza das diferenças culturais e aprendeu sobre visão sistêmica das empresas, como cada área se integra e contribui para o sucesso da outra. Em 2010, assumiu um cargo como controlador financeiro da Edenred para a região da Europa, Oriente Médio e África. Três anos depois, dava seu primeiro passo no setor logístico, ao desembarcar no Brasil para assumir o cargo de CFO (diretor financeiro) da Repom, empresa do mesmo grupo que compõe a linha de negócios de Frota e Mobilidade.

De lá para cá, abraçou duas paixões: casou-se com uma gaúcha, ganhou uma filha de coração e teve uma filha – mulheres que o estimulam diariamente a se aperfeiçoar no português, que já é fluente. Concomitantemente, decidiu dedicar sua vida ao segmento logístico. Quando questionado se tem exemplos profissionais ou mentores, Gautier revela sua profunda admiração por pessoas com quem ele dividiu ideias e compartilhou caminhos: Loic Jenouvrier, (CFO de grandes empresas internacionais como Accor e Edenred) e Rubens Naves, fundador da Repom.

Com experiência de 20 anos gerindo equipes, Gautier considera o mercado brasileiro muito intenso. Segundo o executivo, diferentemente de outras realidades internacionais, empreender no Brasil é estar preparado para o imprevisível. Bem-humorado, o CEO relembra um ditado que aprendeu assim que chegou ao Brasil: ‘sem emoção não tem graça’. “Isso confirmou minha natureza e entusiasmo de conseguir aliar a diversão e o trabalho. Algo que eu busco para mim e para o meu time”, explica. “Esse modelo acaba me deixando sempre alerta e com uma capacidade de adaptação que é essencial para um negócio perene e sustentável”, completa Thom.

No fim das contas, é o que ele espera – e é para isso que ele trabalha. Para entregar uma estrada longa, lucrativa e transparente, para o Freto e todo o ecossistema rodoviário.

Freto e Clube da Estrada

Em quatro anos de estrada, o Freto já superou, em maio deste ano, os mais de R$ 12,6 bilhões em fretes movimentados na sua plataforma. Desde sua fundação, já contou com mais de 2,5 milhões de contratações efetivas na plataforma, mais de 100 milhões de toneladas movimentadas e mais de 1 bilhão de km rodados. O Freto está presente em mais de 2.900 cidades do Brasil, 52% do total do país. A base de caminhoneiros, extremamente qualificada, também alcançou os 180 mil motoristas.

Já o Clube da Estrada, maior plataforma do país de relacionamento e cuidado com esses profissionais (administrado pelo Freto), investiu R$ 40 milhões em cuidados e serviços gratuitos para os Caminhoneiros. No último mês de dezembro, alcançou a marca de 1 milhão de acolhimentos em suas oito unidades físicas, distribuídas por rodovias que cruzam seis estados brasileiros. O número de serviços impressiona: atendimentos de saúde (+160 mil), barbearia (+110 mil), acesso a lan house (+400 mil) e Wi-Fi (+ 950 mil), sessões de cinema (+200 mil) e impressões de documentos (+400 mil).

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