Confira artigo de Thiago Duarte, analista de mercado na Axi
Acreditamos que o Federal Reserve manterá uma postura cautelosa nos próximos meses, resistindo à pressão política apesar do apelo de Trump por taxas de juros mais baixas. Sua declaração em Davos defendendo cortes de juros pode gerar especulação, mas o Fed, sob o comando de Jerome Powell, dificilmente agirá sem dados econômicos convincentes. A inflação, atualmente em 3,2%, deve se aproximar gradualmente da meta de 2% do Fed até meados de 2025. Embora o mercado antecipe um corte de juros em junho, dados robustos de emprego, como o recente relatório NFP de 256 mil vagas, sugerem que o Fed pode adiar qualquer ação para garantir a estabilidade dos preços.
Na Axi, vemos os movimentos iniciais de Trump criando um cenário de maior volatilidade nos mercados. Seu foco em desregulamentação e tarifas introduz incertezas, aumentando a demanda por ativos de refúgio como o ouro. Observamos um interesse significativo de clientes em posições longas de ouro, enquanto os traders se preparam para possíveis disrupções decorrentes das políticas de Trump. Isso pode continuar se as ações do governo levarem a tensões geopolíticas ou comerciais.
Para os mercados da América Latina, esperamos que o dólar mais fraco—com queda de 6% desde meados de dezembro—proporcione alívio temporário ao real brasileiro. No entanto, a estabilidade sustentada depende de como o Fed equilibra os riscos inflacionários com a retórica de Trump. Em nossa visão, qualquer inclinação mais dovish do Fed apoiaria ainda mais as moedas e ações da América Latina, mas o caminho a seguir está longe de ser certo.
À medida que Powell se dirige aos mercados, seus comentários provavelmente definirão o primeiro semestre de 2025, sinalizando se o Fed alinhará com as expectativas dovish do mercado ou priorizará a cautela diante de dados econômicos resilientes.
