Com avanços concretos em diferentes setores, agentes inteligentes otimizam os processos internos dos negócios; ao mesmo tempo, tecnologia exige governança e supervisão humana para alcançar resultados positivos
A inteligência artificial (IA) deixou de ser novidade para se tornar uma ferramenta estratégica visando a otimização dos processos nas empresas. Neste ano, essa tecnologia ganhou um novo desdobramento: os AI Workers, ou agentes inteligentes, que vão além da automação tradicional. Com o tempo, eles aprendem e se adaptam aos comandos programados e executam tarefas complexas de forma autônoma e humanizada.
É o que aponta o relatório “5 Tendências de IA que Irão Redefinir os Negócios em 2025”, elaborado pela FCamara, multinacional brasileira de tecnologia e inovação. O material explica que a adoção dos agentes inteligentes já está em curso, mas o momento exige uma atenção maior à governança e à integração estratégica da tecnologia aos processos.
Segundo Joel Backschat, Technical Fellow da FCamara, o futuro da IA passa pela interconexão desses agentes, que trabalham em rede. “Essa abordagem vem ganhando força e deve crescer ainda mais. A ideia é termos vários agentes atuando juntos, se comunicando entre si e delegando tarefas uns aos outros, de forma a gerar experiências mais profundas e maior colaboração entre eles. Comparando esse conceito ao funcionamento dos neurônios, um AI Worker sozinho é apenas uma unidade. Por isso, é preciso que existam diversos deles conectados entre si”, explica.
A tecnologia na prática
Integrante do ecossistema da FCamara, o Distrito, uma plataforma de inovação, já colocou essa tecnologia em prática. A empresa implementou mais de cinco AI Workers especializados para otimizar etapas do seu dia a dia na plataforma Distrito Íon. Entre os principais resultados obtidos desde 2024, destacam-se uma redução de 75% no tempo de produção de relatórios e uma economia de 96% no tempo necessário para adaptar materiais de divulgação, como anúncios e peças de comunicação voltados a diferentes mídias, como redes sociais, e-mails ou públicos específicos. Isso fez com que as entregas fossem feitas com mais agilidade e as campanhas fluíssem com mais qualidade.
“Se 2024 foi o ano em que as IAs que ajudam nas tarefas do dia a dia, como os chamados copilotos, ficaram mais conhecidas, o próximo passo será torná-las verdadeiramente mais especializadas e úteis. Em vez de programas que tentam fazer um pouco de tudo, veremos inteligências artificiais criadas para resolver tarefas específicas de modo mais rápido e certeiro”, afirma Victor Harano, Market Research Manager do Distrito.
Segmento financeiro
Outro setor que tem se beneficiado da aplicação dos AI Workers é o financeiro. Marcelo Maylinch, CIO do Banco Ouribank, comenta sobre sua experiência: “Os AI Workers representam um novo modelo de entrega de valor para os negócios. Eles utilizam a IA para lidar com tarefas complexas, operando com processamento de linguagem natural e em formatos multimodais. Um AI Worker é capaz de integrar dados de texto, voz, imagens e vídeos, assim como permitir um aprendizado contínuo ao longo do tempo”.
Backschat ainda ressalta que empresas como Johnson & Johnson e eBay utilizam a tecnologia com foco em descoberta de medicamentos e campanhas de marketing automatizadas, respectivamente. “Com esses agentes conectados entre si, conseguimos delegar atividades mais complexas e liberar as pessoas para pensarem em inovação, estratégia e diferenciação. É um ganho direto de produtividade e inteligência organizacional”, enaltece.
Governança e gestão humana
Mesmo com todos os ganhos de produtividade, o uso de AI Workers exige cuidado e gestão. O relatório da FCamara revela que, à medida que a IA avança em autonomia e impacto, cresce também a responsabilidade das empresas para estabelecer estruturas de ética, segurança e controle.
Mailson Rocha, IT Director and Head of System & Technology Innovation LATAM da Ipsos, contribui para o relatório da FCamara com um ponto de atenção. “Desde que começamos o processo de IA, fomos claros em dois pontos: trata-se da combinação humana com a IA. Nunca vamos ter a IA gerando resultados e entregando para o cliente sem a supervisão de um especialista. Essa união é essencial para o sucesso da aplicação da tecnologia nos negócios.”
Ética e sustentabilidade
Backschat complementa que não basta adotar a IA apenas por adotar. “Deve-se fazer isso com responsabilidade, criando modelos éticos e sustentáveis de aplicação. Esse será o diferencial das empresas que querem transformar tecnologia em vantagem competitiva de fato”.
“É inegável que os AI Workers estão revolucionando o ambiente corporativo, otimizando processos manuais e operacionais, bem como proporcionando mais espaço para fluir a criatividade no planejamento dos projetos. Entretanto, as instituições não podem deixar de lado a necessidade de gestão para um uso ético e seguro. Sem estratégia, governança e envolvimento humano contínuo, os riscos superam os benefícios. O papel da liderança é garantir que a IA seja uma aliada inteligente, porém sempre supervisionada e com objetivos claros, métricas definidas e valores à frente de tudo”, finaliza Backschat.