Confira artigo de Vivian Portella, diretora de Negócios Internacionais do Grupo B&T
O número de brasileiros morando no exterior nunca foi tão alto. Segundo o Itamaraty, cresceu 35% na última década e alcança cerca de 4,5 milhões de pessoas. Equivale a pouco mais de três vezes a população de cidades como Porto Alegre (RS), gerando um movimento pendular de mães, pais, irmãos e amigos. Gente que, em algum momento, deseja visitar quem mora longe e nem sempre consegue matar as saudades com a frequência desejada.
Um dos principais obstáculos de quem viaja para visitar um familiar é a impossibilidade de esperar a baixa temporada, ou o câmbio favorável. Em geral, o viajante depende do calendário de terceiros para garantir a presença lá fora, em festas de casamento, aniversários, férias dos netos, formatura e outras ocasiões a milhares de quilômetros de distância.
Como há pouca flexibilidade de datas, não raro esse turista viaja quando os custos estão altos. A solução para embarcar é se dedicar a um preparo financeiro mínimo e constante. Do contrário, pode passar muitos meses ou até anos sem encontrar o familiar que vive em um país diferente.
O protagonismo do imigrante brasileiro no exterior é crescente. Um relatório do Institute of Internacional Education (IEE) indica que o Brasil é o oitavo país que mais envia alunos para estudar nos EUA. Em Portugal, onde o resultado do Enem abre portas, aumentou 123% a procura de brasileiros por universidades públicas locais, em cinco anos.
De acordo com informações do Jornal da USP, estima-se entre 2 e 3 mil o número de cientistas brasileiros radicados no exterior, com um impacto que vai além do ambiente acadêmico. Em 2022, os EUA emitiram um número de vistos cerca de 200% maior em relação a 2021, para profissionais como engenheiros, pesquisadores e executivos nível sênior com origem no Brasil.
Para quem fica em terras brasileiras, a boa notícia é que o mercado de câmbio tem passado por transformações que ajudam a manter o contato presencial com o familiar que se mudou. Nesse novo contexto, a principal chave para carimbar o passaporte é pensar o câmbio como um investimento de longo prazo.
Atualmente, há alternativas de investimentos a custos mais acessíveis em que se pode aplicar parte do que ganha mensalmente em moeda estrangeira, mais estável. Ao dolarizar o patrimônio, protege-se das oscilações do câmbio e do mercado, seja para guardar o dinheiro da aposentadoria ou para ajudar o filho a estudar em uma instituição estrangeira.
O novo Marco Cambial, que vai completar um ano em dezembro, busca facilitar transações. Uma de suas vantagens imediatas para o turismo é o direito de transitar com até US$ 10 mil em espécie entre o Brasil e outros países, além da possibilidade de negociar até US$ 500 com pessoas físicas. A ação, antes reservada aos bancos ou casas de câmbio, pode se traduzir em maior flexibilidade na planilha do viajante.
Entre as estratégias para diminuir despesas, é possível abrir conta em bancos digitais, onde se economiza com taxas de câmbio reduzidas, acompanhando os custos de conversão frente ao real ao longo dos meses e comprando quando for mais interessante. Na área de remessas, há fintechs capazes de realizar operações que saem até 70% mais baratas para o consumidor do que nas instituições bancárias tradicionais.
As opções têm-se multiplicado. Se o viajante tem a intenção de cruzar fronteiras uma, duas ou mais vezes por ano, isso precisa ser contemplado em sua estratégia de investimento. O coração está sempre pronto para matar as saudades. Cabe a nós preparar o bolso.