O sinal 5G foi liberado em Recife (PE) no último dia 5 e a tecnologia promete mais velocidade de navegação ao usuário comum. Mas é no setor produtivo que a nova tecnologia de internet móvel pode promover uma revolução. Com maior tráfego de dados, menor tempo de resposta entre envio e recebimento de comandos e a possibilidade de várias conexões em uma mesma rede, o setor produtivo do estado pode se automatizar, inserir novos maquinários e tecnologias, e otimizar os processos para gastar menos e gerar mais.
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB industrial de Pernambuco em 2019 foi de R$ 33,4 bilhões, o que equivale a 2,4% de toda a indústria nacional e o décimo maior PIB do país. O setor, que em 2020 superou 12 mil empresas, também gera mais de 273 mil empregos, com destaque para construção, serviços industriais de utilidade pública – que deve sofrer forte evolução graças ao processo de universalização do saneamento básico – e alimentos.
Com o 5G, a tendência é que vários processos automatizados levem a uma maior economia e organização. E isso só é possível porque estima-se que a nova internet suporte aproximadamente a conexão simultânea de um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, o que leva à evolução da Internet das Coisas (IoT), em que máquina “conversa” com máquina para produzir uma análise mais rápida de dados.
Considerado o pilar da indústria 4.0, o 5G permitirá também que a Inteligência Artificial faça ajustes de forma contínua para que a produção se mantenha sempre de acordo com a demanda, ou ainda monitoramento 24 horas por dia e otimização de desempenho e segurança. Homero Salum, diretor de Engenharia da TIM Brasil, diz que a internet de quinta geração vai impactar não só a rotina do dia a dia do pernambucano, como também revolucionar diversos setores no estado.
“Com conexões melhores e mais rápidas, o 5G é capaz de conectar máquinas, objetos, coisas e pessoas. Por isso, é chamada a tecnologia do futuro. Essas características vão impactar o Brasil em inúmeros segmentos da indústria, do setor de serviços, do agronegócio e até mesmo as rotinas das pessoas dentro das casas”, aponta Salum. “Na indústria, que vai gerar máquinas e equipamentos para toda essa conectividade, o impacto será revolucionário.”
Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), revela que o 5G vai impactar tanto as micro e pequenas empresas quanto as de maior porte. Para a grande indústria, a maior novidade será a possibilidade de criar redes privadas com a tecnologia, o que vai otimizar ainda mais os processos e ganhos. Ele ressalta, no entanto, que todo e qualquer produtor que tenha acesso vai começar a se beneficiar a partir de agora.
“O empresário que está incrustado dentro da cidade e que faz também o processo fabril, ou o pequeno agricultor que está na borda e pode se cobrir com esse 5G, ou um microempreendedor pode, sim, ter seus processos produtivos melhorados. Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador, seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo produtivo, se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca Stutz.
5G vai permitir que máquinas agrícolas “conversem entre si”
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O 5G que está sendo instalado nas capitais está presente principalmente na área central. No caso de Recife, segundo as regras do edital, as empresas Claro, Tim e Vivo devem ativar, pelo menos, 63 estações de 5G. Neste início, são 29 bairros atendidos com a nova tecnologia: Aflitos, Boa Viagem, Boa Vista, Casa Amarela, Derby, Espinheiro, Graças, Ilha do Leite, Ilha do Retiro, Jaqueira, Madalena, Paissandú, Parnamirim, Pina, Santana, Tamarineira, Torre, Alto Santa Terezinha, Apipucos, Casa Forte, Macaxeira, Morro da Conceição, Soledade, Torrões, Várzea, Zumbi, Santo Antônio e São José.
Em Recife, as micro e pequenas empresas são responsáveis por 94,1% do total de indústrias do estado. Somente em 2021, segundo a CNI, a indústria local exportou US$ 1,8 bilhão – o 14º maior volume no país. O setor é o responsável por mais de 86% de todas as exportações efetuadas por Pernambuco.
Recife recebeu o 5G no mesmo dia em que Natal (RN) e Fortaleza (CE). A tecnologia também está presente em Belo Horizonte (MG); Curitiba (PR); Florianópolis (SC); Goiânia (GO); João Pessoa (PB); Palmas (TO); Porto Alegre (RS); Rio de Janeiro (RJ); Salvador (BA); São Paulo (SP) e Vitória (ES), além de Brasília (DF).
O cronograma inicial de ativação do 5G no Brasil previa que o sinal inicial estivesse disponível em todo o país já no fim de setembro, mas a Anatel prorrogou o prazo por até dois meses, devido a um atraso na importação de equipamentos para a limpeza da faixa onde transita a tecnologia. Com isso, nas outras 12 capitais onde o serviço ainda não está disponível, as companhias terão até 27 de novembro para ligar as estações e passar a oferecer o sinal de quinta geração.