Todo começo de ano é a mesma coisa. Em todo país, o forte calor traz chuvas capazes de superar a média de um mês inteiro em poucas horas. O resultado disso são ruas alagadas, carros submersos e motoristas sem saber o que fazer.
Com base em sua experiência de 20 anos lidando com a rede de prestadores de serviço, especialmente socorro mecânico, Daniel Arzon afirma que as dúvidas mais comuns envolvem como retirar o carro do meio de um alagamento.
“Infelizmente, a primeira coisa que a maioria das pessoas faz é tentar dar a partida no carro. Este é um grande erro, porque qualquer infiltração de água pode provocar curto-circuito tanto no computador de bordo, como nos módulos e em outros componentes eletrônicos”, afirma.
Segundo ele, mesmo sem acionar o motor, o simples ato de colocar a chave no contato permite a passagem de corrente elétrica, o que é um perigo se esses componentes estiverem molhados. “Então, a melhor coisa a se fazer é chamar um guincho e enviar o carro para que uma oficina faça uma análise do que foi comprometido pela água”, completa.
Se não for possível acionar de imediato um socorro mecânico, o gerente executivo de Rede de Prestadores da Europ Assistance Brasil (EABR) orienta a verificar primeiramente o estado do filtro de ar. “Se ele apresentar sinais de umidade, nem tente ligar o carro. Certamente será preciso trocar o filtro e retirar as velas para limpar e secar o local. Também não esqueça de dar uma olhada para ver se entrou água nos cilindros, o que pode comprometer o motor”.
Outro cuidado importante é verificar se a água não oxidou a fiação, o que pode acarretar problemas futuros como a corrosão de componentes e conectores. “Geralmente, as oficinas optam por trocar o chicote elétrico para evitar que isso aconteça. É uma ação preventiva, muito importante, mas que precisa ser avaliada com cuidado porque não é um serviço barato”, alerta.
Ainda de acordo com Arzon, outras coisas que precisarão ser trocadas são o filtro de óleo e o óleo do motor, porque possivelmente teve sua composição química comprometida pela água. Discos e pastilhas de freio também passarão por uma verificação, mas nem sempre precisam ser substituídos.
Já os bancos, borrachas de vedação e tapetes precisam ser retirados e limpos, mas podem ser recolados quando estiverem secos. Porém, o feltro do assoalho precisará ser totalmente trocado.
“De maneira geral, o processo de recuperação de um automóvel que ficou alagado é trabalhoso, mas simples. Se os componentes eletrônicos não apresentarem danos, basta substituir alguns fluídos, além de fazer a limpeza e higienização interna. Nesse caso específico, existem empresas – como a própria Europ Assistance – que fazem esse trabalho nos estofados, seja couro ou tecido, removendo totalmente a sujeira e o odor no interior do veículo”, concluiu.