Confira entrevista com Wesley Henrique Quinalha Francisco, assessor de investimentos na WIT Invest
Nesta terça-feira, 2 de agosto, acontecerá reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), com expectativas de redução da taxa Selic, devido à deflação registrada nos meses de junho e julho. O Relatório Focus do Banco Central projeta a Selic em 12% até o final do ano, o que indica a possibilidade de cortes na taxa básica de juros para estimular a economia.
Em entrevista, o especialista Wesley Henrique Quinalha Francisco, assessor de investimentos na WIT Invest, explica sobre a possibilidade de redução da taxa de juros a partir deste mês, os impactos disso nos investimentos e na bolsa de valores brasileira, a influência das bolsas internacionais em alta e a espera pelo fim do ciclo de altas nos juros dos Estados Unidos.
1. Quais são as expectativas para a próxima reunião do Copom?
Wesley Henrique Quinalha Francisco: As expectativas para a próxima reunião do Copom são de redução da taxa Selic devido à deflação registrada nos meses de junho e julho. O Relatório Focus do Banco Central projeta uma Selic em 12% até o final do ano, o que também indica a possibilidade de cortes na taxa básica de juros para estimular a economia. É importante destacar que a taxa de juros nos Estados Unidos está em 5,50%, o que gera a preocupação em manter atrativa a taxa de juros brasileira em relação à americana, para evitar a fuga de capitais para outros mercados. No entanto, a decisão final dependerá da análise completa do cenário econômico até a reunião do Copom.
2. Quais são os principais indicadores que levam a avaliar a possibilidade de redução da taxa de juros a partir de agosto?
Wesley: Os principais indicadores que levam à avaliação da possibilidade de redução da taxa de juros a partir de agosto são a projeção da taxa Selic em 12% até o final do ano, conforme o Relatório Focus do Banco Central, e a deflação registrada no IPCA em junho (-0,08%) e no IPCA-15 em julho (-0,07%). Em maio, o índice foi de 0,51%, ante 0,57% em abril. A deflação no trimestre também é relevante para essa avaliação.
3. Há possibilidade de redução da taxa Selic neste segundo semestre? Quais serão os impactos disso nos investimentos?
Wesley: Sim, há possibilidade de redução da taxa Selic neste segundo semestre. Com a queda na taxa de juros SELIC, os investidores provavelmente buscarão investimentos de maior risco com potencial de retorno mais atrativo, o que pode levar ao aumento de investidores na bolsa de valores e a uma recuperação no mercado de renda variável. Além disso, pode haver maior procura por investimentos pré fixados enquanto a taxa ainda está elevada e oportunidades em crédito privado, aproveitando o fechamento da curva de juros.
4. Como a Reunião do Copom no Brasil pode ser afetada pelas bolsas internacionais em alta devido aos balanços antes do PIB dos EUA?
Wesley: A reunião do Copom no Brasil pode ser afetada pelas bolsas internacionais em alta devido aos balanços antes do PIB dos EUA, pois isso indica uma melhora do sentimento dos investidores em relação à economia global. Essa influência pode refletir no fluxo de capitais para o Brasil, nas expectativas dos investidores locais e estrangeiros, e na análise do cenário econômico do país, mas a decisão final do Copom será baseada principalmente nas condições domésticas e nas metas econômicas brasileiras.
5. Quais são os fatores que o Comitê de Política Monetária (Copom) está considerando para definir o timing da reunião que decidirá sobre o corte na taxa de juros?
Wesley: O Comitê de Política Monetária (Copom) leva em conta diversos fatores ao definir o timing da reunião que decidirá sobre o corte na taxa de juros. Alguns dos principais aspectos analisados incluem: a inflação, o desempenho da atividade econômica, o cenário externo, a política fiscal, as expectativas do mercado e as tendências futuras. Esses fatores são fundamentais para a tomada de decisão do Copom, que busca manter o equilíbrio econômico e o controle da inflação no país.
6. Como a expectativa de fim do ciclo de altas nos juros dos EUA, após o aumento da taxa pelo Federal Reserve, pode influenciar as decisões e deliberações do Copom durante a próxima reunião?
Wesley: A expectativa de fim do ciclo de altas nos juros dos EUA, após o aumento da taxa pelo Federal Reserve, pode influenciar as decisões e deliberações do Copom durante a próxima reunião. Embora haja sinalização para redução na taxa de juros brasileira, é necessário manter uma distância razoável em relação à taxa de juros americana e internacional para que o Brasil continue sendo atrativo para investimentos e novos aportes. Com a expectativa do fim do ciclo de alta na taxa de juros americana, o Banco Central brasileiro provavelmente terá mais flexibilidade e se sentirá mais confortável em reduzir a taxa de juros no país. No entanto, o Copom sempre prezará por manter a taxa de juros brasileira mais elevada do que a americana para não perder a atratividade do país como destino de investimentos.
7. Como a queda do dólar em relação ao real pode estar relacionada às expectativas do mercado em relação às decisões do Copom e como isso tem impactado e impactará o desempenho da bolsa de valores brasileira?
Wesley: A queda do dólar em relação ao real pode estar relacionada às expectativas do mercado em relação às decisões do Copom sobre a taxa de juros. Essa queda pode impactar positivamente o desempenho da bolsa de valores brasileira, pois atrai investidores e beneficia empresas exportadoras. O cenário é dinâmico e depende de outros fatores, mas a perspectiva de fluxo de capital para a bolsa pode impulsionar os preços das ações e melhorar o desempenho geral do mercado acionário no Brasil.
8. Quais são as expectativas para o mercado de ações no Brasil após a reunião do Copom?
Wesley: As expectativas para o mercado de ações no Brasil após a reunião do Copom são positivas. Grandes fundos de investimentos e investidores costumam se antecipar às mudanças de cenário econômico, buscando oportunidades. A perspectiva de redução na taxa de juros pode atrair investidores para a bolsa e beneficiar empresas exportadoras, refletindo positivamente no desempenho do mercado de ações. No entanto, é importante lembrar que o mercado é dinâmico e sujeito a riscos.
9. Quais setores da economia brasileira apresentaram maior volatilidade nos últimos dias do mês e como serão impactados após a reunião do Copom?
Wesley: Com uma possível redução na taxa de juros após a reunião do Copom, os setores da economia brasileira que podem apresentar maior volatilidade são aqueles sensíveis a crédito, como o setor imobiliário e o de consumo, que podem se beneficiar com crédito mais acessível e barato. Empresas exportadoras também podem ser beneficiadas com a desvalorização do real, impulsionando suas exportações. Por outro lado, setores financeiros e de renda fixa podem ser afetados negativamente, com possíveis mudanças nos retornos de investimentos.
10. Dentro do contexto atual, quais opções de investimentos no Brasil são consideradas mais atrativas, independente do perfil do investidor?
Wesley: Dentro do contexto atual, as opções de investimentos no Brasil consideradas mais atrativas, independente do perfil do investidor, incluem a busca por renda fixa pré-fixada, visando aproveitar para pré fixar a taxa atual, mantendo ganhos consistentes frente a possível queda da taxa Selic. Além disso, a exposição em ativos como títulos públicos e crédito privado pode ser interessante, aproveitando a tendência de queda do IPCA e Selic. Para investidores em busca de maior flexibilidade e potencial de retorno, os fundos de investimentos multimercados podem ser uma opção, oferecendo maior adaptabilidade a diferentes cenários econômicos. A facilidade para aplicar também é relevante, tornando o processo mais prático e acessível. Contudo, é importante destacar que cada investidor possui um perfil único e a diversificação de investimentos é essencial para reduzir riscos e maximizar retornos.