Confira artigo de André Santoro, Chief Risk Officer da Clara
Que a inteligência artificial deve mudar a forma como nos relacionamos com os mais diversos aspectos de nossas vidas, não é exatamente uma novidade. No entanto, sua aplicação vai muito além dos textos do Chat GPT ou das imagens ultra reais do Midjourney. Na área de aprovação de crédito, tanto para Pessoa Física quanto para Pessoa Jurídica, essa tecnologia tem impulsionado uma intensa transformação.
No passado, a linha de crédito à qual uma empresa tinha acesso era determinada considerando modelos estáticos e que demoravam para se adaptar às mudanças na economia, no segmento de atuação da empresa e na própria empresa em si. Os modelos que sustentavam as decisões de crédito eram como fotografias que reuniam informações históricas e passadas para determinar probabilidade de inadimplência futura. Por serem baseados no passado, já nasciam defasados e sem dinamismo.
O processo era muito baseado na subjetividade, uma vez que a tecnologia não tinha capacidade de processamento, o que obrigava que muitos processos decisórios fossem manuais e baseados em poucos dados – sempre retroativos. Para se ter uma ideia, há pouco mais de 10 anos, um computador demorava uma noite inteira para realizar uma análise que, hoje, acontece em apenas um minuto.
No entanto, a evolução tecnológica da última década nos trouxe a um ponto sem precedentes. Atualmente, modelos de análise de crédito são capazes de aprender constantemente. Ou seja, diferente do que acontecia no passado, uma empresa pode ter seu limite de crédito ampliado ou diminuído ao longo do tempo, de acordo com o que essa inteligência artificial projeta a partir de uma coleta ininterrupta de dados. Não é mais a fotografia, e sim o filme completo que é avaliado.
Os parâmetros que são levados em consideração pela Inteligência Artificial são múltiplos e muito mais amplos e precisos do que uma análise subjetiva ancorada em dados escassos e estáticos. Com o avanço da tecnologia, os novos modelos podem considerar infinitas variáveis em sua construção, desde dados de bureau até a atividade da empresa no Linkedin.
Para que isso fosse possível, foi necessário haver uma mudança, inclusive, na estrutura dos times responsáveis pela concessão de crédito. Se antes eram majoritariamente compostos por analistas, hoje são dominados por cientistas de dados, que são responsáveis por estabelecer os parâmetros e acompanhar a evolução do aprendizado dos modelos matemáticos nos quais se baseia essa tecnologia.
Na Clara, startup onde lidero a área de risco e que tem como missão ser a maior e mais completa solução de pagamentos corporativos da América Latina, um time formado por diversos cientistas de dados de diversas nacionalidades atualizam constantemente diversos modelos de crédito dinâmicos com o objetivo de democratizar o acesso ao crédito no continente, provendo a linha mais adequada para cada empresa. Essa tecnologia proprietária é capaz de antecipar tendências, o que possibilita que nossos mais de 10.000 clientes sempre tenham acesso à linha de crédito que necessitam para crescer de forma sustentável seu negócio.
Esses modelos permitem que a tomada de decisão aconteça de maneira muito mais ágil, além de garantir que as empresas em crescimento tenham aumento adequado da linha de crédito e passem da melhor forma possível por momentos de dificuldades em seu fluxo de caixa.É possível, inclusive, analisar a situação financeira de milhares de pessoas jurídicas simultaneamente, em poucas horas.
Toda essa transformação tem um potencial imenso de impacto na economia. Afinal, o acesso ao dinheiro pode determinar, em última instância, a sobrevivência de um CNPJ. Quanto mais ágil e certeira é a aprovação, mais empresas conseguem se capitalizar e crescer e menor a chance de inadimplência e seus efeitos negativos para toda economia.
A mudança proporcionada pela AI já tem democratizado o acesso ao crédito entre empresas dos mais variados portes e segmentos, ao mesmo tempo em que diminui os riscos de inadimplência e ajudam as empresas a melhorar sua gestão financeira. A consequência final é um mercado cada vez mais maduro e competitivo, com boas oportunidades de crescimento para todas as empresas da América Latina.