O ‘Everest’ da vida real: 2 anos como CEO de uma multinacional

Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies / Foto: Divulgação
Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies / Foto: Divulgação

Confira artigo de Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies

Três de agosto de 2015. Era uma segunda-feira. Há exatos oito anos, eu iniciava a minha trajetória na GFT Technologies, uma empresa global de transformação digital que tem 35 anos de estrada, mas que eu não conhecia. Nada. Zero. Bastaram três conversas muito boas com o meu líder e mentor Marco Santos (atual CEO Américas da GFT) para eu ser convencido a abraçar um projeto que me faria alcançar metas e sonhos que pareciam irreais: como me tornar CEO há dois anos, algo que eu comparo ao que se pensa sobre a subida do Monte Everest.

Com seus 8.848 metros de altitude, o Everest é o ponto mais alto da Terra, e inúmeras armadilhas se apresentam aos que tentam conquistá-lo. Muitos ficam pelo caminho. Tais características também quando pensamos em carreiras. Longe de lá, aqui no Brasil, o número oito também representa algo para mim: já se vão oito anos como um profissional valorizado em uma grande multinacional de tecnologia, presente em 16 países e com mais de 10 mil talentos em suas fileiras. No Brasil, sou responsável pelos 3 mil que atuam em um dos grandes polos estratégicos da GFT global.

Assim como escalar o Everest, subir na hierarquia profissional demanda tempo, aperfeiçoamento, planejamento e resiliência. Naquele 2015, em encontros com o Marco fora do escritório, ele me convenceu a entrar na companhia por dois motivos: o primeiro era que, aos 41 anos, ele era um presidente muito jovem de uma organização desse porte, algo que demonstrava arrojo organizacional e escolha por talentos, independentemente da idade. E segundo, a oportunidade de crescer e obter satisfação pessoal. Sou CEO há 24 meses da GFT no Brasil e posso garantir: eu consegui.

Porém, não se engane: este não é um texto baseado em vaidade. Nada disso. “Subir um Everest”, para cada um de nós em sua área profissional, significa tudo. Apenas nós sabemos o quanto tivemos de abdicar, nos dedicar e, sobretudo, inovar para ascender em nossos campos de ação. Antes de ser CEO, passei por todas as áreas, de programador a analista de sistemas, coordenador, gerente de projetos, gerente de vendas, diretor de operação… e sem vislumbrar, a cada um desses passos, ser o executivo máximo de uma empresa. Já são 34 anos em TI, e o presente não é nada do que aquele menino de 15 anos, que começou no saudoso Banco Real, pensou que seria.

Alcançar uma posição como a de CEO não representa que você seja um profissional completo, sem imperfeições ou aspectos a serem melhorados. Uma das mensagens mais importantes que costumo compartilhar com amigos e colegas de trabalho é a necessidade de estar sempre preparado, pois a oportunidade baterá na sua porta.

Quando aconteceu comigo, tive alguma insegurança (sim, executivos também sentem medo, aquela “expectativa diante de uma ameaça”, como dizia Freud) de perder algo que estava tão perto. Eu falei um pouco sobre isso na minha recente entrevista à Revista Época. Além disso, aqui cabe uma segunda mensagem pessoal: você pode conseguir alcançar um sonho maior do que qualquer outro que já possa ter tido antes. O que se chama costumeiramente de “sorte” envolve acordar cedo e trabalhar duro, com seriedade, dedicação e foco. E com um adendo: sempre podemos nos aprimorar.

Assumir um desafio e não se sentir inicialmente preparado não é demérito nenhum. A oportunidade só lhe será dada por quem enxergar em você um agente transformador, capaz de cumprir determinada missão. Essa confiança “de cima” deve servir de incentivo para entrar por essa “porta de incertezas”. Foi o que fiz ao tornar-me responsável pela operação brasileira e não eu podia falhar, pois estava assumindo o posto do Marco, hoje CEO Américas, e que tinha feito um trabalho brilhante. Sem exagero, senti que estava substituindo o Guardiola no comando.

Foram seis meses com seis a sete reuniões diárias com as minhas equipes, em um cenário no qual o home-office já era comum em muitos setores, assim como o propósito pela transformação digital que permitisse o trabalho de qualquer lugar. Manter o mais alto nível, alinhado com o grande legado que me havia sido deixado, era uma regra que estabeleci para mim.

Desta forma, a demanda por soluções cresceu e a produtividade de todos na GFT subiu exponencialmente, mas ainda assim houve momentos de temor, de hesitação. Todavia, nos superamos na base da confiança dos nossos clientes e com os nossos talentos. Esse grande trabalho em equipe fez a GFT e eu nos tornarmos indissociáveis dentro do mercado tech. Para alguém que não esperava ultrapassar o posto de CIO, a superação fez toda a diferença a cada degrau. Aprendi muito sobre relações humanas e institucionais nos últimos dois anos, e tive a autonomia para desenvolver e contribuir para o avanço das nossas metas no país – são 19% de participação da receita global da GFT (66,16 milhões de euros), sendo o maior mercado da companhia.

São pequenas vitórias diárias, mensais e anuais como essa que me deixam feliz e satisfeito, por mim e por todos os nossos profissionais. Aliás, conhecer o seu corpo laboral é importante e, com a minha senioridade de oito anos de empresa, enxergando de dentro, é sempre possível identificar problemas e buscar soluções. As pressões por resultados e entregas sempre vão existir, mas cabe ao CEO filtrá-las e fazer com que cheguem a cada elo da cadeia produtiva, de acordo com o tamanho das costas de cada um. É isso que faz um vencedor, ou como diria Rocky Balboa: “Todo campeão já foi um desafiante que se recusou a desistir”. Difícil discordar, e prometo que é a minha última citação por hoje.

Mesmo diante de tudo dito aqui, ser CEO não é o ponto final. Sigo com fome de novos desafios, de me alinhar no front das soluções digitais em favor dos nossos clientes e colaboradores. É tempo de seguir inspirando as pessoas ao meu redor em favor daquilo em que acredito para, como gosto de sempre dizer, “voarmos juntos”.

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